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Sexta, 26 de abril de 2024
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Eleições TV Doc 26/10/2020

Pastor João Carlos quer levar política social à Prefeitura de PG

Candidato a vice na chapa liderada por Professor Edson, pastor João Carlos Oliveira Andrade ressalta a trajetória na política social

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Pastor João Carlos quer levar política social à Prefeitura de PG

Após trilhar sua caminhada no Exército da Salvação, o pastor João Carlos de Oliveira Andrade (PCdoB) estreia na vida política em 2020. Ao lado de Professor Edson (PT), o pastor aposentado ocupar o cargo de vice na chapa composta entre PT e PCdoB. João foi o primeiro candidato a vice-prefeito(a) entrevistado pelo portal aRede, Jornal da Manhã e Blogdodoc.com - os outros quatro candiatos(as) serão entrevistados durante a semana. 

João Carlos trilhou carreira na política social, atentando moradores de rua e crianças através do Exército da Salvação. Em 2020, o pastor aposentado participa, pela primeira vez, da disputa por um cargo público. Durante a entrevista, João Carlos ressaltou ser contra posicionamentos religiosos conservadores e destacou que a política deve ser feita em prol das pessoas e não de grupos econômicos.

Acompanhe abaixo a entrevista do candidato a vice no Programa Doc.com na Rede, apresentado pelo jornalista Eduardo Farias, editor do Blog:

Eduardo Farias: No meio político você ainda é desconhecido. Fale um pouco de você e de sua trajetória:

Pastor João Carlos: Eu nunca fiz política partidária, pela primeira vez que eu me coloco à disposição da sociedade para representá-los. Em toda minha vida no Exército de Salvação eu fiz política social, cuidando das pessoas. Fui nomeado em Curitiba em 1996 e trabalhei com crianças em situação de ruas.  Eu tenho meninos que tirei da rua e foram para o Exército de Salvação e hoje são pais de famílias.  Levamos essas crianças nas casas de apoio e tiveram suas vidas transformadas.

EF: Como que se deu essa composição entre PT e PCdoB?

João Carlos: Porque eu entrei no PCDOB? Existe uma similaridade do homem de Nazareth com os partidos de esquerda. As narrativas construídas são muito semelhantes. Ele [homem de Nazareth] foi visto como agitador social e denunciou o comércio do templo. O templo induz a população a pedir para crucificá-lo. Então existe essa similaridade entre o comunismo e as ideias de Cristo. Já o PT tem história nesse país. Tem pessoas pagando 25 reais por mês para ter sua casa própria. Por isso estamos juntos com o PT. Tive oportunidade de viajar entre Curitiba e RJ. E encontrei um servente de pedreiro no avião comigo. Porque com o PT os trabalhadores com o dinheiro que ganhava poderiam viajar de avião, coisa rara ultimamente.

EF: O que consiste na ideia do governo do PT uma eventual participação na Prefeitura?

João Carlos: Colocar em prática aquilo que o Governo Péricles colocou. Na época do Péricles ele entregou mais de 700 lotes urbanizados para famílias de baixa rendas. Pequenos apartamentos, casas, etc. Professor Edson foi secretário do Péricles. Podemos fazer muito mais. Queremos fazer com que a Prolar entregue lotes e casas para pessoas de baixa renda. As políticas públicas precisam chegar na periferia da cidade. 

EF: Do Plano de Governo de vocês, o que você destaca?

João Carlos: São uma série de programas, nós podemos colocar a própria questão da segurança pública. A Segurança Pública é algo sensível, em qualquer cidade do país. Foi por causa do medo que Bolsonaro foi eleito. Em nenhum país do mundo nem o Brasil, não consegue resolver o problema da segurança com a questão da repressão. 

Devemos resolver isso com políticas públicas. A criança que tem uma desestruturação familiar, está à margem da sociedade e é fácil entrar para o mundo do banditismo, está vulnerável em entrar na violência. É com política segura que resolve o problema de segurança. Se a bala resolvesse, já teríamos resolvidos o problema da segurança há muito tempo. As crianças estão expostas a qualquer ação violenta, se o Estado der oportunidade, cultura e educação a elas, essas crianças irão encontrar um caminho do bem.

EF: Questão do contato do transporte público: Tarifa zero, como viabilizar essa questão?

João Carlos: O nosso povo, principalmente o povo pobre, já paga. Eu não venho de quatro em quatro anos para ver os problemas dos terminais. Eu uso todo dia o transporte coletivo. E o transporte coletivo é infernal, não respeitam o horário, frota sucateada, horário de pico é uma aglomeração enorme. A nossa proposta é a tarifa zero, de forma gradativa. O povo já paga, já vem do valor do auxílio ao vale transporte. Vamos chamar parte da sociedade que ganha muito em compartilhar com o trabalhador.  Estamos num sistema muito parecido com o Feudalismo. Uns rezam (Igreja), uns lutam e dão segurança (nobreza) e o resto só trabalham. Devemos desfrutar o fruto de seu trabalho.  As riquezas e os bens dessa Terra devem ser compartilhados. Nós vamos chamar a outra classe para dar tarifa zero em nossa população. Tem cidades que já fazem isso, então é possível de fazer isso sim.

EF: Envolvimento de pastores e militares na política. Como você vê esse envolvimento do clero na política?

João Carlos: Eu sou contra totalmente quando um pastor que esteja em frente a um rebanho num cenário político. Ele vai interferir no processo de forma negativa. Entrega o cargo de pastor para outro e aí vai para a política. Deus não tem nada haver com isso, toda a autoridade foi levantada por Deus e não pelo homem. Todas as vezes que a Igreja se envolveu na política, ela perdeu. E A Igreja Evangélica vai pagar o preço disso. Nunca na história do país nunca tivemos tantos parlamentares pastores, são 84.  Pecado é mal moral. A Igreja deve ter voz profética denunciar o que está acontecendo neste país. Acabar com os direitos dos trabalhadores. As igrejas precisa desenvolver o processo de humanização de verdade.

EF: O que você fala a respeito do preconceito aos homossexuais?

João Carlos: O problema que a Igreja se fundamenta na letra. De um legalismo religioso. A bíblia não foi escrita pra nós. Foi escrita há dois mil anos antes de nós. Deus não tem sexo, o problema da população LGBT não é problema de Deus, é problema do Estado. Prefiro andar de um herege íntegro do que um falso profeta. Deus não está preocupado com isso. É igual esse falso patriota, que sai aos fins de semanas com a bandeirinha do Brasil. Patriota mesmo é o trabalhador que carrega o país nas costas, ele não tem tempo de desfilar nos fins de semana com a bandeirinha nas costas. Existe um falso moralismo muito grande da Igreja. A população LGBT não quer sair da igreja, a igreja que a expulsa.  Alguns cometem suicídio pelo próprio discurso de ódio que a Igreja propaga.  É preciso olhar para as pessoas. Deus é amor.

EF: Na Saúde, o que podemos esperar em seu governo?

João Carlos: Eu faço uso do Unidade Básica de Saúde de Uvaranas e eu já sei que para pegar meu remédio de uso contínuo, preciso passar 15 dias antes para encontrar o médico e pegar meu remédio. Em nosso projeto é conseguir mais médicos para reforçar o efetivo. Nós perdemos 60 médicos da noite para o dia. Como vamos resolver o problema da saúde se não tem médicos? Nós vamos fortalecer o Programa de Saúde Familiar, aumentar a equipe de agentes que irão nas casas das pessoas, investir em tecnologia e facilitar a comunicação. O objetivo é atender mais pessoas.

EF: O que você fala dessa divisão direita e esquerda na campanha?

João Carlos: PG é uma cidade conservadora e isso é até paradoxal. Vamos em Costa Rica, Atenas, Roma e outros bairros populares da cidade e vemos moradores que não pagam R$ 100 pela casa e tem adesivos do Bolsonaro. E isso é falta de informação e educação. A verdade é que as propostas que mais alcançam a população carente que vão ao encontro dessa população são da esquerda. Os demais grupos representam os interesses de grandes grupos econômicos. E o povo fica com a sobra. É importante que as pessoas possam compreender de fato quem é quem. Essa divisão e discussão mostra quem é quem, para o povo saber.  

A proposta de esquerda é melhorar a situação da população, ou seja: mudar e transformar a vida dessas pessoas. É o que o governo Lula fez, tirar milhões de brasileiros na miséria. Para mim, eu vim cumprir uma missão. Entendo que nós existimos para o outro. Eu nunca vi Deus e só vi gente. Se alguém quer fazer um culto ou quer fazer algo para Deus, cuide das pessoas, porque as pessoas são coisas de Deus. E meu governo vem para cuidar do povo, da população que precisa das políticas públicas. (As informações são do Portal aRede)