A Viação Campos Gerais (VCG), empresa concessionária do serviço de transporte coletivo em Ponta Grossa, protocolou um pedido de revisão da planilha de custos do sistema. O pedido foi apresentado à Autarquia Municipal de Trânsito e Transporte (AMTT) ainda em dezembro de 2017 com dados relativos aos custos do sistema entre janeiro e novembro do ano passado. Informações sobre os custos do transporte em dezembro deverão ser protocoladas pela empresa até o próximo dia 15 de janeiro. As informações são do Portal aRede!
O contrato do transporte público prevê que o pedido de revisão deve ser realizado pela empresa a cada 12 meses – o contrato tem vigência até 2022 e foi renovado pelo ex-prefeito Pedro Wosgrau Filho (PSDB). Com a junção dos documentos relativos ao mês de dezembro, o processo de cálculo da tarifa será feito pelos técnicos da AMTT e então repassado para a avaliação dos membros do Conselho Municipal de Transporte (CMT).
Quesitos
A planilha de custos do sistema leva em conta uma série de quesitos, como o gasto com diesel e pneus por parte da empresa, a quilometragem rodada pelos ônibus, o valor gasto com a manutenção e renovação da frota, o valor da folha de pagamento. Além disso, também são levados em conta o número de passageiros por quilômetro no sistema, conhecido como IPK, e os custos com a manutenção dos terminais de ônibus da cidade (Central, Nova Rússia, Uvaranas e Oficinas).
Com o cálculo feito pelos técnicos da Autarquia, órgão responsável pela fiscalização do serviço, os documentos serão destinado para a avaliação dos conselheiros. Normalmente os membros do CMT receberão a documentação em uma primeira reunião e terão 15 dias para deliberar sobre o tema até se reunirem em um segundo encontro. Com isso, o CMT irá “sugerir” o novo preço da tarifa ao prefeito Marcelo Rangel (PPS) que pode ou não acatar a sugestão feita pelos conselheiros.
A reportagem tentou contato com o presidente do CMT, o engenheiro Helmiro Bobeck, mas não obteve êxito. Em outras oportunidades, Bobeck já havia alertado para a série de gratuidades propostas pelos vereadores e os riscos para o sistema do transporte coletivo. “Não tem almoço de graça. Se essa série de gratuidades for aprovada e entrar em vigor, o preço da passagem vai subir consideravelmente”, afirmou Helmiro na época.
Via assessoria de imprensa, a AMTT confirmou o recebimento do pedido e informou apenas que ainda não há prazo para que o cálculo dos técnicos seja finalizado e nem um índice possível de reajuste para 2018.
Chegada do Uber preocupa especialistas
O início das atividades do aplicativo Uber em Ponta Grossa também preocupa especialistas sobre o tema: com mais pessoas optando pelo Uber e deixando de usar o transporte coletivo, o preço tende a subir. Helmiro Bobeck já havia alertado para essa possibilidade e provocou vereadores para que o Legislativo discutisse saídas para a situação. O vereador Pietro Arnaud (REDE) propôs a criação de uma comissão informal para ouvir e analisar as recomendações de Bobeck e de outros especialistas.
Em 2017, reajuste foi alvo de disputa judicial
O reajuste da tarifa do transporte público em 2017 foi alvo de um processo judicial. O vereador Geraldo Stocco (REDE) e o deputado federal Aliel Machado (REDE) impetraram uma ação questionando a transparência no processo de reajuste daquele ano que fez com que a tarifa saltasse de R$ 3,20 para R$ 3,70. A dupla conseguiu uma liminar em primeira instância cancelando o reajuste e fazendo com que o preço da passagem voltasse aos R$ 3,20 (situação que durou mais de 20 dias), mas a liminar foi cassada pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR).
Terceirização
O prefeito Marcelo Rangel (PPS) já sinalizou com a intenção de conceder à iniciativa privada os terminais da cidade. Segundo o gestor, a gestão privada poderia administrar os locais com maior custo-benefício e ainda acarretar na diminuição da tarifa cobrada dos passageiros.