A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) inaugurou nesta quinta-feira (21) o novo espaço do Banco de Leite Humano dos Hospitais Universitários. O serviço, que antes funcionava no Hospital Universitário Materno-Infantil (Humai), agora está no Ambulatório Universitário Amadeu Puppi, antigo Pronto-Socorro Municipal. Em funcionamento há 40 anos, desde 1984, o BLH atende a mulheres e bebês de toda a região.
Parabéns por esse heroísmo de acreditar no leite materno enquanto elemento transformador da sociedade”. Com essas palavras, o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, destacou a importância do trabalho realizado cotidianamente pelo Banco de Leite Humano há décadas em prol da saúde materno-infantil. Para ele, a reinauguração “é um ato extremamente simbólico, que representa a vida, porque nada representa mais a vida do que o leite materno. Representar a vida é também desenvolver uma crença no futuro. Nós acreditamos no ser humano, nas instituições públicas e nos trabalho que nós desenvolvemos”.
“Ficamos muito felizes em inaugurar o Banco em um local melhor, mais organizado, num ponto mais central e de acesso facilitado”, comemorou o professor Ivo Demiate, vice-reitor da UEPG. Em seu discurso no ato de inauguração do novo espaço, ele destacou ainda a importância do trabalho de cada um e cada uma que compõe as equipes dos Hospitais Universitários no atendimento de qualidade à comunidade de Ponta Grossa e região.
“O leite materno é seguro e nutritivo, em especial para bebês internados e mães que não conseguem produzir leite. A melhoria no espaço é uma grande vitória para nossa cidade e para todas essas pessoas que precisam desse trabalho”, comemorou a prefeita de Ponta Grossa, Elizabeth Schmidt, que enfatizou também a importância do incentivo à amamentação realizado pelo Banco.
“O leite materno é o leite com amor. É um leite que tem carinho, porque a a mãe que doou o leite doa com amor”, resumiu Rafaele da Cunha. Com o bebê no colo, ela compartilhou a história de superação e o carinho expresso nos atendimentos do Banco de Leite. Quando ele nasceu, precisou ficar 10 dias na UTI e recebeu leite materno de doações. “Na hora que eu vi ele mamando naquele copinho, para mim foi muito lindo, foi maravilhoso”. Depois, com o atendimento e incentivo recebido, ela pôde amamentar o próprio filho e também doar leite para o Banco.
Uma bebê de apenas nove meses e a surpresa de uma nova gestação não planejada. Se Helen Pauluk Jovanovich não tivesse recebido a orientação do Banco de Leite, com o qual já tinha contato como doadora, ela provavelmente teria seguido os palpites de quem recomendava que desmamasse a primeira filha durante a gestação e depois do nascimento da segunda. “Amamentei as duas juntas por nove meses e quando a Lis fez dois anos, iniciamos o processo de desmame de forma respeitosa”. Para Helen, que estudou Pedagogia, a UEPG faz parte da sua vida de várias formas. À equipe do Banco de Leite, ela agradece: “Obrigada a todas vocês, que possibilitaram que minhas bebês fossem amamentadas”.
A professora Fabiana Postiglione Mansani, diretora geral dos HUs, rememorou a história do Banco de Leite, que existe desde 1984 e está sob gestão da UEPG desde 2020, e os principais atores desta trajetória. Agora, com o novo espaço, haverá um ganho em qualidade e em acessibilidade.
“O Banco de Leite Humano é responsável pela coleta e processamento do leite materno destinado à alimentação de bebês internados em UTIs e pela promoção do aleitamento materno, com atendimento a mulheres que precisam ter orientações, que têm dificuldade na amamentação ou que necessitem de tratamento com laser para suas fissuras”, explica. “São atendidas várias classes da nossa comunidade, desde aquela mãezinha que está conosco internada no Humai, até aquela que já foi para casa com o seu bebê e está tendo dificuldades de amamentação; e os bebês que precisam receber a doação”.
Atendimento a mães e a bebês
O Banco de Leite Humano (BLH) presta atendimentos em duas frentes de trabalho: a coleta e processamento de leite humano, que é destinado à alimentação de bebês internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs); e a promoção do aleitamento materno, com atendimento a mulheres que precisam de orientações, estejam com dificuldades na amamentação ou que necessitem de tratamento com laser para fissuras.
“Toda mãe que amamenta tem direito ao atendimento especializado do BLH, independente do local de nascimento do bebê”, acrescenta Cláudia Cancian, coordenadora do Banco. Todos os meses, o serviço atende cerca de 150 mulheres com orientações de amamentação e realiza cerca de 150 visitas domiciliares.
“Doar leite materno é um gesto que salva vidas, pois é a melhor forma de nutrir os bebês que estão internados e não podem ser amamentados pela própria mãe”. Qualquer mulher que amamenta é uma potencial doadora de leite materno. O Banco do HU-UEPG recebe, hoje, leite de 64 doadoras. Para doar, é preciso estar saudável, não tomar nenhum medicamento que interfira na amamentação e possuir refrigerador com congelador ou freezer.
Após realizar o cadastro no Banco de Leite Humano, a doadora recebe materiais e orientações necessárias para a coleta. “Caso more em Ponta Grossa, terá o benefício da coleta domiciliar, sendo que, semanalmente uma funcionária do BLH vai até a sua residência buscar o leite coletado. Caso seja de outra cidade, é necessário trazer o leite coletado até o BLH em Ponta Grossa”, explica a coordenadora. Com a mudança do setor para o Ambulatório, a gestão dos HUs projeta a possibilidade de fazer a coleta de leite nos demais municípios da 3ª Regional de Saúde.
Recebido o leite, o material passa por um rigoroso processo para garantir a qualidade e segurança: classificação, processamento, pasteurização e qualidade. E aí ele pode chegar em quem espera ansiosamente por uma dose de vida: internados nas três UTIs Neonatais de Ponta Grossa (Humai, Santa Casa e Hospital Geral Unimed), recebem o leite humano os recém-nascidos prematuros, com baixo peso, doentes, portadores de imunodeficiência, que não sugam ou que tenham outras condições de risco que gerem a necessidade de hospitalização. “Para os prematuros, é vital e imprescindível!”, enfatiza Cláudia.
“Caso haja dúvidas, dificuldades e/ou que possua sobra de leite, a mulher que amamenta pode e deve procurar o Banco de Leite, tanto para sanar suas dúvidas, como ajudar a quem precisa”.
Leite Humano: amor que vem do peito
“O leite materno é composto de todos os componentes necessários para nutrir, proteger e propiciar um adequado desenvolvimento ao recém-nascido”, explica Cláudia.
Rico em nutrientes e agentes imunobiológicos, o leite humano protege contra doenças como diarreias, infecções respiratórias e alergias; reduz em 13% a mortalidade em crianças menores de cinco anos; e reduz o risco de desenvolver hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta. A recomendação do Ministério da Saúde é de que o bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno até os seis meses de vida e de forma complementar até pelo menos dois anos.
O Brasil é referência na coleta de leite humano, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), por utilizar estratégias que aliam baixo custo e alta qualidade e tecnologia. Todos os anos, a Rede de Bancos de Leite Humano (RBLH), que é a maior e mais complexa do mundo, com 222 bancos e 217 postos de coleta em todos os estados, distribui cerca de 160 mil litros de leite a recém-nascidos. Um frasco de 300 ml de leite materno pode alimentar cerca de 10 recém-nascidos. Cada gota conta: ajude a salvar vidas. Doe leite materno. (Com assessoria)