O deputado federal e segundo colocado nas eleições municipais de 2016, Aliel Machado (PSB), foi mais um dos pré-candidatos à Prefeitura Municipal de Ponta Grossa a conceder entrevista ao jornalista Eduardo Farias no ‘Doc.com na Rede’, iniciativa do Portal aRede e Jornal da Manhã em parceria com o blogdodoc.com. O pré-candidato exaltou a proximidade de sua atuação parlamentar com a cidade, os recursos enviados, pedidos da comunidade para concorrer e citou que quer um diálogo menos politizados em várias questões.
Eduardo Farias: Na eleição de 2016 você fez 49 mil votos. No 2º turno, quase 80 mil. 2020: vai ser candidato a prefeito?
Aliel Machado: Essa é uma discussão que não depende de vontade pessoal e que depende de uma série de fatores. Nós estamos, primeiro, tomando todos os cuidados para que o mandato de deputado não seja prejudicado, é o mandato da população. Inclusive, estou vindo agora do Hospital Universitário (HU-UEPG), onde a gente acabou de fazer um grande anúncio.
Muitas conquistas para a cidade. Eu sou o deputado que de recursos impositivos, o mandato que mais trouxe investimentos para a cidade. Só que muitas coisas que nós discutimos sobre a nossa cidade, elas ficam travadas e nós temos opiniões diferentes, porque dependem do Poder Executivo. Isso nós queremos transformar, mudar, implementar aquilo que nós achamos ser o correto.
EF: Além do MDB, existem outros partidos que podem vir a fazer parte dessa frente?
Aliel Machado: Os partidos políticos estão com muito descrédito. As pessoas estão indignadas pela maneira como a política vem sendo conduzida, com sucessivas decepções, problemas. Mas, não temos outro caminho, a não ser pela política, de tentar mudar isso. Então, as conversas não acontecem com direções partidárias, específicas com intuito de acordos. Jamais, não é o perfil.
Inclusive, já no plano que nós apresentamos de governo passado, o MDB já esteve com a gente. A proposta era corte de despesas desnecessárias, fazer funcionar bem a máquina pública. Mas, existem muitas ideias de pessoas com experiência, como é o caso do Júlio Küller que hoje integra o MDB, que tem um vasto trabalho realizado na área de assistência social, dentro da cidade, experiência de ter sido vereador.
EF: Você realmente é de esquerda? E, como você pretende tratar isso numa possível campanha eleitoral?
Aliel Machado: Infelizmente, a parte ruim que nós tivemos nas redes sociais é a possibilidade e a facilidade de divulgação de mentiras. A propagação de coisas erradas e coisas inverídicas sobre as pessoas, e a política sofre muito com isso. Eu quero dar um exemplo para você: a discussão que nós fizemos sobre a aposentadoria parlamentar. Os deputados têm uma aposentadoria especial.
Eu sou o deputado federal de Ponta Grossa que abriu mão. Coincidentemente, nas redes, eu sou o único que apanha por causa da aposentadoria especial, sendo o único que não tem, porque abri mão disso. Prisão em segunda instância: eu apanho nas redes sociais porque eu sou contra. Em Brasília, eu votei a favor da prisão em segunda instância, sou vice-presidente da Comissão Nacional que defende a condenação em segunda instância.
EF: O bom momento em Brasília, a questão familiar (o filho que a esposa está esperando), pode fazer você abrir mão de uma possível candidatura?
Aliel Machado: Não existe uma fórmula perfeita, e eu sou ser humano, tenho muitas dúvidas. Eu nunca sonhei que iria ser deputado federal e muito menos que eu poderia disputar uma eleição para Prefeitura com chances, como já aconteceu. Meu sonho era ser vereador para ajudar o meu bairro, que continua lá cheio de problemas. Porque eu virei vereador, sou deputado, destinei recursos. Mas, é a Prefeitura quem define.
Quando eu volto para meu bairro, converso com pessoas, falo com presidentes de instituições, que têm um trabalho fantástico na cidade, vejo coisas simples que poderiam ser feitas e não são feitas, as pessoas me cobram: ‘você tem que ser candidato, nos representa, gostamos do teu trabalho, tem que fazer na Prefeitura o que você fez na Câmara de Ponta Grossa, na gestão que você fez lá’. Eu tenho muitas dúvidas pessoais.
EF: Quais as prioridades e grandes desafios do próximo prefeito que vier a assumir a cidade de Ponta Grossa?
Aliel Machado: A palavra-chave de tudo isso chama-se planejamento. Quando você tem uma estrutura do tamanho da estrutura da Prefeitura, nove mil funcionários; tem unidades de saúde espalhadas pela cidade como um todo; tem demanda, por exemplo, muito grave que a gente precisa atender de cirurgias, demanda muito grave urgentíssima sobre especialidades, você precisa ter planejamento.
A cidade tem dívidas, você não consegue executar ou prometer coisas que não serão possíveis de serem realizadas. A tônica de uma discussão tem que ser fazer funcionar bem o que já existe. Nós temos estruturas dentro da Prefeitura, do poder público, que não funcionam direito nos dias de hoje. Nós temos medidas simples, possíveis de serem implementadas, que não custam para a Prefeitura e que melhoram muito a vida das pessoas. Por exemplo, a descentralização de diversos serviços que estão longe, hoje, da população.
EF: Como lidar com a nova concessão do transporte público?
Aliel Machado: Você precisa, primeiro, ter uma grande responsabilidade para não enganar as pessoas. Quando você tem as informações, eu acho um ato deplorável, ir para uma câmera, campanha e mentir para as pessoas porque é mais fácil falar aquilo. O transporte coletivo é uma concessão, mas a responsabilidade é da Prefeitura.
Se vai ser boa a concessão depende do processo licitatório que você vai implementar. Eu entrei na política por causa do transporte público enquanto estudante, que ia para as ruas brigar pela má qualidade do serviço. O grande desafio que nós temos é entender que a tecnologia vem sendo alterada de maneira muito rápida e que você precisa utilizar essas tecnologias para atender melhor a vida das pessoas na concessão desses serviços.
EF: Como lidar com os recursos que estão no Governo do Estado e Federal, sendo que você pertence a grupos antagônicos aos dois governos?
Aliel Machado: O Governo Federal, a grande massa de recursos que não é utilizado, são recursos que não acontecem pela falta de projetos. Você tem programas que não são partidários. (JM: A questão política pode interferir nisso?) Pode interferir se o gestor for irresponsável, se colocar uma disputa política, uma sigla partidária, à frente dos interesses da cidade. Prefeito não tem que ter partido, tem que ter cidade. Diferente do Legislativo, que é posicionamento sobre temas.
Aqui não é posicionamento não é posicionamento sobre temas, é gestão. Resolver o problema da pessoa que está lá no bairro e não tem asfalto na frente da casa dela; de uma mãe que está esperando uma cirurgia por um neurocirurgião ou a consulta com um especialista para o filho dela e não tem.
EF: Como gerar empregos a partir do ano que vem para suportar, realocar esse pessoal que está perdendo emprego durante essa pandemia?
Aliel Machado: Essa é uma situação novas, sem precedentes. Então, todas as medidas que estão sendo adotadas agora, é difícil de fazer uma comparação, um julgamento desse momento, que estamos vivendo a pandemia. Quem não pode ajudar, tome cuidado para não atrapalhar.
Eu tenho tomado muito cuidado em algumas posições, para não politizar o assunto que infelizmente nas redes sociais, toma proporções absurdas. É lógico que nesse momento que a gente não tem uma solução fidedigna para resolver o problema, o que você precisa fazer? Atender as recomendações técnicas, científicas.
Assista a entrevista na íntegra: