O empresário e ex-vereador Júlio Küller (MDB), terceiro colocado na disputa pela Prefeitura de Ponta Grossa em 2016, foi o entrevistado do jornalista Eduardo Farias, nesta sexta-feira (19), no programa ‘Doc.com na Rede!’, iniciativa do Portal aRede e do Jornal da Manhã com o blogdodoc.com. Confira os principais pontos da entrevista na série especial com os pré-candidatos à Prefeitura de Ponta Grossa.
Eduardo Farias: Você foi o terceiro colocado nas eleições de 2016. Você vai ser novamente candidato?
Júlio Küller: Eu, com muito orgulho naquele momento, representei o Partido da Mulher Brasileira (PMB) e fiz quase 28 mil votos. Uma situação muito difícil, pouco conhecido. Mas, agora eu me considero bem mais preparado e sou sim pré-candidato a prefeito de Ponta Grossa, pelo MDB.
Um grande partido, o maior aqui de Ponta Grossa, quase 10 mil filiados. É um partido que vai dar condições para que eu possa fazer uma boa campanha.
EF: Como se preparar em relação as composições partidárias? Como isso está sendo conduzido aqui em Ponta Grossa?
JK: Nós temos conversado bastante com outros partidos, eu tenho sido procurado para que o MDB possa estar apoiando outras chapas. Eu tive a procura e a conversa com quase todos aqueles pré-candidatos a prefeito. Porém, o MDB tem, nas principais cidades, obrigação de lançar um candidato a prefeito.
E, foi escolhido meu nome para ser candidato a prefeito nessas eleições, como fui em 2016. O partido está preparado, pronto, e temos conversado agora a partir desse momento, com partidos que vão fazer coligação conosco. Temos feito propostas, plano de governo, para o município, para que esses partidos possam estar conosco nesta eleição.
EF: Essa mudança de partido é praxe entre políticos. Você acredita que isso é normal, essa questão ideológica, não figura tanto nos municípios?
JK: Participar de um partido político você tem que estar de acordo com as normas do estatuto do partido. Eu, com muita alegria fiz parte do PPS, que hoje é o Cidadania, com dois mandatos. Logo em seguida fui convidado em Ponta Grossa a construir o PSD. Fiz um grande papel, filiamos muitas pessoas, fizemos dois vereadores naquela época, eu e a Adelia.
Colocamos o vice-prefeito, o Doutor Zeca, naquela época pelo PSD. O que ocorreu é que eu tinha essa vontade de ser prefeito, que eu já tinha feito três mandatos de vereador. Sendo secretário por três anos no último mandato. Então, eu tinha esta pré-disposição de ser candidato a prefeito.
EF: Você citou três mandatos como vereador. No último esteve como secretário de Assistência Social. Também esteve ligado ao prefeito Marcelo Rangel. Por que essa mudança: participar do governo e depois virar oposição?
JK: Eu participei do apoiamento ao Marcelo e ao Sandro, posso chamar dessa forma, prefeito e deputado federal, desde o início das suas carreiras. Eu assinei a ficha de filiação deles no PPS na época. Os apoiei até a condição do Marcelo ser o prefeito de Ponta Grossa. As divergências ocorreram por erros na administração dele. E, ele sabe quais são.
Erros de gestão, os quais eu não concordava. Eu permaneci na secretaria de Assistência Social por pedido das instituições e pessoas que eu atendia na pasta. As diferenças de administração foram sendo percebidas durante a gestão dele mesmo. A questão de eu ser candidato a prefeito é uma coisa normal, fiz três mandatos de vereador e tenho condições de ser prefeito de Ponta Grossa.
EF: Você falou que teve o plano de governo adaptado para essa nova campanha. Quais as principais diretrizes?
JK: Gestão. Eu discordei do Marcelo e decidi ser candidato a prefeito por conta da gestão. Nós tivemos depois da minha derrota, mais quatro anos de uma situação muito difícil na Prefeitura. A bola de neve que eu falava na campanha continua muito gigante. Houve uma restruturação administrativa dentro da Prefeitura.
Nós continuamos com muitas secretarias, autarquias, muitos funcionários comissionados e o momento exige, para que possa haver investimentos no município, uma redução drástica em relação a isso. Mas, drástica mesmo. Então, a Prefeitura nossa precisa de gestão: séria, competente e capaz.
EF: A concessão da concessionária do transporte coletivo encerra em 2022, na metade do mandato do prefeito. Como lidar com isso?
JK: Muito fácil. Primeiro, fazendo um trabalho de planejamento. A nossa cidade não é como era há 20 anos atrás, cresceu muito, erroneamente em algumas partes do município. Então é necessário fazer todo um planejamento para que possamos fazer uma nova licitação, abrangendo por lotes, inclusive, para que não haja o domínio de uma empresa só no transporte coletivo da nossa cidade.
Tem muito a se fazer. Mas, o que tem que se focar mesmo é no atendimento ao cidadão. Nós precisamos atender melhor o cidadão. A nossa proposta de governo é estar com a população. É um mandato para o povo, para as pessoas e assim que vai ser também no transporte coletivo.
EF: O próximo prefeito vai ter que lidar com a geração de empregos. Como fazer para que isso aconteça?
JK: Não é fácil. Não é fácil mesmo. Esse é um problema nacional, é preciso de uma sinalização do Governo Federal em relação a essa busca para o emprego do brasileiro. Mas, Ponta Grossa pode fazer sua parte sim. Pode fazer com que as pessoas se capacitem cada vez mais, para que possam entrar no mercado de trabalho, seja jovem ou idoso.
Muita gente idosa aí que não consegue sobreviver com sua aposentadoria. Nós faremos um trabalho para inserção dessas pessoas no mercado de trabalho. Temos condições de fazer incentivos financeiros via imposto a empresas que contratarem essas pessoas, podemos fazer a capacitação dessas pessoas também.
EF: Vemos uma divisão muito grande, política e ideologicamente, com a eleição do presidente Jair Bolsonaro. Em relação ao posicionamento do Governo Federal: como manter uma boa relação no seu governo?
JK: Trabalhando. O Brasil gasta muito tempo em bobagens: esquerda, direita, comunismo, fascismo. Nós estamos perdendo tempo com isso. Júlio Küller não será direita, não será esquerda. Júlio Küller será Ponta Grossa. Trabalhando, com gestão séria e competente, capaz de fazer uma história em nossa cidade com relação ao seu mandato, para as pessoas.
O Brasil está perdendo tempo: Bolsonaro foi eleito como solução para o país. Mas, se perdeu no meio do caminho e está numa disputa gigantesca que não é necessário. É necessário, agora, estar no comando do Brasil, de tudo que o Brasil, numa disputa contra a esquerda, ou contra o Congresso, ou contra o Judiciário.
EF: Em relação ao Governo Estadual. Em um possível governo seu, como você vislumbra o Governo Ratinho Junior?
JK: É difícil você fazer uma análise em cima de um governo, ou dos governos, onde há uma crise. Estamos vivendo uma crise. Então é difícil fazer uma análise se está fazendo certo ou errado. Porque ninguém esperava por isso. O nosso governador deixa a desejar em muitos pontos. O que quero dizer é que teremos total relação com os dois governos: Federal e Estadual.
Porque faremos uma gestão séria: nós teremos certidões negativas e muitos projetos para encaminhar para o Estado e a Federação também. Se você tem projeto e certidão negativa, meu amigo, o investimento vem. Não tenha dúvidas que vem.
EF: Essa crise do coronavírus ninguém esperava. E, muitas medidas estão sendo tomadas pelo prefeito, governador, presidente. Se você fosse prefeito, faria algo diferente do que está sendo feito?
JK: Aqui em Ponta Grossa foram tomadas medidas atrasadas. O que eu vejo do governo, e isso é uma crítica, que toma atitudes em relação ao que acontece em São Paulo, em Curitiba. E, nunca vê realmente o que acontece em Ponta Grossa. Nós tivemos o fechamento do comércio lá atrás onde não havia necessidade de fechar. Essa é uma opinião clara minha.
Nós tivemos dificuldades econômicas por esse fechamento lá atrás. Aquele momento era o momento de você cuidar da população e fazer com que tivessem tomando os cuidados necessários como a utilização e exigência de utilização de máscara, os cuidados dentro das lojas, álcool em gel, higienização e tudo mais.
EF: Como você imagina o grande desafio do próximo prefeito?
JK: O grande desafio do próximo prefeito vai ser pagar dívidas. Não há dúvidas que haverá uma diminuição na arrecadação muito grande para os municípios, estados e também para a União. Então, se faz necessário aquilo que eu falei no começo: uma gestão enxuta e capaz de conduzir corretamente essa dificuldade que os próximos anos impactarão na arrecadação do município.
Não tenho dúvidas que nós estaremos enfrentando problemas que jamais foram enfrentados em outros governos. Ganha aquele candidato que fizer uma proposta séria com relação ao enxugamento da máquina do Município sem desassistir o cidadão.
EF: Por conta das restrições e a concentração de pessoas não pode acontecer, como lidar com isso na campanha eleitoral?
JK: É um grande problema. Eu sinto uma dificuldade muito grande, porque sempre fui muito próximo da comunidade, sempre andei em todas as comunidades do município. Então o que me parece é que haverá problemas com relação a isso. Ganha-se nas redes sociais. Aqueles candidatos que já têm um nome, saltam a frente daqueles que vão começar agora.
É uma pena, porque nossa Câmara, o nosso momento brasileiro, exige renovação. Mas, com tudo isso que nós falamos aqui, vai ficar cada vez mais difícil para aqueles novos alcançarem o mandato. Entendo que quem estiver trabalhando nas redes sociais, mídias, vai estar um passo à frente dos outros com certeza.
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