O Ministério Público do Paraná, por meio do Núcleo de Ponta Grossa do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), deflagrou nesta terça (4) e quarta-feira (5) três operações simultâneas que miram uma organização criminosa de atuação nacional.
Batizadas de “A Rede”, “Muralha de Areia” e “Vértice”, as ações contaram com apoio da Polícia Científica e dos Ministérios Públicos do Rio de Janeiro e do Ceará.
As investigações começaram em fevereiro, a partir de uma denúncia anônima, e revelaram um esquema sofisticado de fraudes bancárias, lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, além de tráfico de drogas.
A base operacional do grupo era em Ponta Grossa, onde funcionava uma falsa central telefônica usada para aplicar golpes financeiros.
Fraudes bancárias e engenharia social
A operação “A Rede” teve como foco a desarticulação da falsa central telefônica, que se passava por setor de segurança bancária para induzir vítimas a fornecerem dados sensíveis e códigos de segurança.
Com essas informações, hackers invadiam contas bancárias e desviavam grandes somas.
Em um dos casos, uma empresa de São Paulo teve R$ 564 mil furtados. Em outro, o golpe só não se concretizou porque o gerente do banco alertou o cliente, que tinha R$ 5 milhões em conta.
O dinheiro obtido era lavado por meio de uma rede de contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas em diversos estados. Uma empresa de fachada, registrada como comércio de artigos de pesca, era usada para dissimular a origem dos valores.
Corrupção no sistema prisional
A operação “Muralha de Areia” surgiu após interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça revelarem um esquema de compra de benefícios indevidos para presos da Unidade de Progressão em Ponta Grossa.
Foram identificados indícios de corrupção ativa e passiva, com concessão de privilégios como uso de celular e saídas ilegais do canteiro de trabalho.
Tráfico de drogas e lavagem milionária
Já a operação “Vértice” identificou o envolvimento de parte dos investigados com o tráfico de drogas em larga escala.
O grupo utilizava empresas de fachada em diversos estados e na região de fronteira com o Paraguai para lavar o dinheiro do tráfico. Uma dessas empresas movimentou mais de R$ 43,6 milhões apenas em 2025.
Medidas judiciais
Ao todo, foram cumpridos:
63 mandados de busca e apreensão
38 ordens de sequestro de valores e ativos financeiros
Bloqueio de 11 veículos
Sequestro judicial de 6 imóveis
Asações ocorreram no Paraná (Ponta Grossa, Curitiba e Foz do Iguaçu), Ceará (Fortaleza e Itaitinga), Rio de Janeiro (Mesquita, Nova Iguaçu, Nilópolis, Mangaratiba e capital) e São Paulo.