Na manhã desta terça-feira, o silêncio se fez mais profundo em Ponta Grossa. Não foi apenas o fim de uma vida — foi o adeus a uma voz que atravessou décadas, microfones e memórias.
O colunista Álvaro de Andrade partiu aos 77 anos, deixando atrás de si uma trilha sonora feita de vinhetas, risos em eventos sociais e comentários que, por tanto tempo, foram parte do cotidiano da cidade.
Álvaro não era apenas radialista. Era presença. Era aquele tipo de figura que, mesmo quando não se via, se ouvia.
E quando se ouvia, parecia que a cidade estava mais viva. Começou sua caminhada no colunismo social ainda nos tempos do “antigo” Diário dos Campos, onde mais tarde também atuaria como jornalista. Atuou tamém no extinto Diário da Manhã
Dali em diante, não houve emissora em Ponta Grossa que não tenha abrigado sua voz em algum momento. Mais recentemente, estava na MZ FM, até que a saúde o obrigou a se afastar — mas não a se calar. Porque Álvaro nunca se calava. Ele apenas pausava.
Nos clubes recreativos, era mestre de cerimônias. E mestre mesmo — não só pelo título, mas pela forma como conduzia os encontros, como fazia da formalidade uma festa e da festa, uma memória.
Além da comunicação, também serviu à Secretaria Estadual da Saúde, na regional de Ponta Grossa. Um homem de múltiplas funções, mas de uma só vocação: estar com as pessoas. Fosse informando, celebrando ou acolhendo.
Hoje, a cidade perde um cronista da vida real. Um contador de histórias que não precisava de papel — bastava um microfone e um olhar atento.
de Andrade se despede, mas sua voz, essa sim, continua no ar. Ecoando nos salões, nas ondas da rádio, nas lembranças de quem o ouviu — e de quem, mesmo sem saber, foi tocado por sua presença.