Uma das mais poderosas e influentes civilizações da Antiguidade, cujo legado deixou profundas marcas na sociedade atual. O prédio histórico do Museu Campos Gerais da Universidade Estadual de Ponta Grossa (MCG-UEPG) recebe, a partir desta quarta-feira (12), uma exposição sobre o Cotidiano e Vida Militar em Roma. Com curadoria de Renoaldo Kaczmarech, a mostra expõe um acervo particular composto por originais, réplicas e fac-símiles. Dentre eles, objetos que têm mais de dois mil anos.
O Museu é um importante espaço de educação não-formal. Assim, as exposições que abrem em março de 2025 surgem de demandas de um público muito importante para o MCG: as escolas. O diretor de Ação Educativa e Extensão, professor Ilton Cesar Martins, explica que além da exposição sobre Roma Antiga, também serão inauguradas uma reedição da “Micro Mostra da Reserva Técnica”, com uma nova seleção de objetos, e uma exposição que reorganiza o tradicional “Insetário Felipe Justus” do Museu Campos Gerais, que tem mais de três mil espécimes, como borboletas, mariposas e besouros.
Seguem expostas “África(nidades) e(m) Máscaras”, que apresenta máscaras africanas; “Marinhas – a Arqueologia da Morte”, que reúne fotografias de animais e objetos coletados por Orlando Azevedo ao longo de mais de duas décadas na beira do mar; e “Meu Coração de Polaco Voltou”, sobre a ascendência polonesa de Paulo Leminski.
Cotidiano e Vida Militar em Roma
“Roma locuta, causa finita”. Se Roma falou, o caso está encerrado. E se Renoaldo falou sobre Roma, pode ter certeza que foi dito por uma autoridade no assunto. Afinal, são mais de cinco décadas dedicadas a construir uma coleção de arqueologia romana diversa e guiada por um fio condutor: o entusiasmo pelo tema.
A coleção começou com uma peça modesta, mas que tem muito significado para Renoaldo. Ainda na adolescência, aos 16 anos, comprou por correspondência um jarro: a brincadeira envolvia uma espécie de escavação arqueológica e montar os pedaços para compor a peça. Para o jovem que já gostava de história, aquilo foi encantador e gerou uma paixão para toda a vida.
Na vida profissional, os rumos foram levemente diferentes. Renoaldo escolheu a Biologia, curso que fez na UEPG, onde já começou a trabalhar em seguida, em 1993. Pela maior parte dos 32 anos em que trabalha na Universidade, ele atuou em um laboratório que também envolve catalogação, organização de acervo, controle de umidade e de temperatura… o Herbário.
Ao mesmo tempo, foi construindo uma coleção variada e plural de itens de história e arqueologia romana. De originais como moedas, jarros, frascos de vidro e pregos da época da crucificação, passando por réplicas e fac-símiles de bustos romanos, trajes militares, maquetes de vilas romanas, mosaicos, ilustrações, pergaminhos, dípticos e trípticos… No manequim ao canto da sala, uma veste carmesim ricamente adornada com bordados chama a atenção. É uma criação cinematográfica: a roupa da personagem Fulcinia, uma senhora romana vivida pela atriz Stefania Orsola Garello no filme “Rei Arthur”, de 2004. São centenas de objetos variados do cotidiano adquiridos a partir de um garimpo cuidadoso em sites, leilões, com colecionadores e alguns feitos por ele mesmo.
A experiência com todas essas variáveis do cuidado e armazenamento de itens frágeis no Herbário – e com a coleção particular de arqueologia romana – levou Renoaldo a contribuir com o Museu Campos Gerais a partir de 2018, na organização da reserva técnica. Primeiro, de forma voluntária, e depois definitivamente, com a mudança de lotação. “A função do museu é fazer sobreviver o acervo para o futuro, né?”, sorri. Apontando para os itens cuidadosamente colecionados durante anos, ele sonha com o dia em que vão integrar a reserva técnica de um museu com visitantes regulares. “Então, eu acabo ligando com uma coleção, porque tudo isso aqui vai acabar dentro de um museu, eu espero”.
Os itens que fazem parte da mostra inaugurada nesta quarta-feira (12) foram expostos poucas vezes – uma delas, no próprio MCG, em 2010, mas sob outra concepção.
“Nosso grande acerto nessa exposição é permitir que ela fosse concebida por quem mais conhece do acervo”, conta Ilton. Além de trazer para o público uma mostra interessante e atrativa, a exposição é uma forma de reconhecer a importância do servidor. “É também uma forma de produzir uma homenagem para o Renoaldo, que veio para o museu trabalhar originalmente como um voluntário e agora pode ter aqui uma exposição dele, daquilo que ele é apaixonado. O Museu acaba sendo privilegiado nessa história toda”.
Serviço
O Museu Campos Gerais funciona de terça-feira a sábado, das 9h às 11h45 e das 13h30 às 17h. Visitais individuais não precisam ser agendadas, mas visitas de grupos e com mediação devem ser combinadas pelo e-mail [email protected]. (Com assessoria)