Felipe Liedmann, especial para os Blogs do Doc.com e Johnny
Quando um ponta-grossense é diagnosticado com HIV, tuberculose ou hanseníase dentro das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), ele é encaminhado para o CTA/SAE - Centro de Testagem e Aconselhamento/Serviço de Atendimento Especializado. O local é aberto à toda população do Município, fazendo o acolhimento e acompanhamento do tratamento.
Ponta Grossa está entrando no bicentenário com o CTA/SAE funcionando em nova estrutura física. Antes o Serviço funcionava aos fundos do ‘26 de Outubro’. No entanto, desde dezembro do ano passado, uma construção central na Rua Comendador Miró, 1420, abriga a sede com atendimentos de segunda a sexta-feira das 7h às 16h.
Vanderli Ramos, de 47 anos, recebe suporte do SAE há mais de duas décadas. Quando tinha 25 anos de idade descobriu ser portadora de HIV. Foi com os profissionais do Serviço Especializado que iniciou o tratamento.
“Aqui a gente tem tudo. De manhã vem, faz a consulta, as meninas medem pressão, peso, tudo certinho. Conversa com a médica, sai com a receita e com teu medicamento em mãos”, conta Vanderli, que segue o tratamento à risca e agenda consultas pelo menos duas vezes por ano.
O acesso aos medicamentos é simples porque a estrutura conta com uma farmácia especializada para atender os programas de tratamento da Aids, da tuberculose, da hanseníase e da toxoplasmose.
“A mudança de edifício foi uma grande conquista. Foi uma luta de muitos anos para que o SAE conseguisse deixar o imóvel anterior e ganhasse uma sede própria, uma identidade. É uma sede mais reservada para que os usuários possam acessar os serviços com melhores estruturas de atendimento. Neste novo imóvel nós conseguimos garantir aquilo que ficava pendente no passado. Foi excepcional para os pacientes”, comenta o coordenador Jean Fernando Sandeski Zuber.
Humanização
O espaço também está voltado ao acolhimento da comunidade considerando aspectos de saúde física e psicológica, além da condição social do paciente. A equipe multidisciplinar de trabalho conta com cerca de 30 profissionais. Há médicos, enfermeiros, assistentes sociais, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes administrativos e equipe de limpeza.
Atualmente, o CTA/SAE tem cerca de 1,6 mil pacientes cadastrados no programa de HIV do Município. “Nos preocupamos muito em relação ao sigilo. A preocupação das pessoas quando há o diagnóstico do HIV é ter a identidade preservada. Aqui no SAE garantimos isso. Então, no processo de escuta especializada, nós olhamos o paciente com a maior empatia possível para entendê-lo e vinculamos o serviço para que o tratamento seja o melhor possível dentro das condições daquela pessoa”, explica Zuber.
É essa a sensação transmitida para Vanderli, paciente que nunca teve receio de expor que é soropositiva. “O SAE me dá um suporte muito bom. A gente já teve dentista, temos assistência social, tratamento com psicólogo. Precisamos ser ouvidos também e eu aprendi muito com isso. Então, o SAE é a minha segunda casa, onde encontro o que eu mais necessito na saúde. Para mim, aqui é completo. Não me falta nada”, argumenta.
Ações do CTA/SAE
Há também atividades excepcionais realizadas pela equipe do SAE. Em julho, por exemplo, o espaço abriu as portas em um sábado para orientação e combate às Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Pouco tempo antes, uma ação que incluiu a realização de testes rápidos para HIV e Sífilis, além da distribuição de materiais informativos, recebeu a comunidade no período noturno, oportunizando atendimento para as pessoas que não conseguem ir até o local em horário normal.
Há menos de um mês, o Serviço disponibilizou exames à população em situação de rua. “Aqui tem de tudo o que a gente precisa”, comentou Olivir Barbosa.
Localização
Além de contar com salas mais amplas para recepção, consultas, exames e atendimentos farmacêuticos e de fisioterapia, a nova sede do CTA/SAE também foi pensada para trazer outros benefícios de acesso à população.
“O fato de estar no Centro de Ponta Grossa facilita. Quando o CTA/SAE veio para esse local, um dos cuidados foi ter linhas de transporte público nas redondezas, ter espaço para estacionamento de veículos dos pacientes, além de estar próximo de laboratórios e outros dispositivos da rede de Saúde”, esclarece Jean. (Publieditorial)
Fotos: Dorival de Arruda Moura Neto