Felipe Liedmann, especial para os Blogs do Doc.com e do Johnny
Para cuidar de crianças e adultos, Ponta Grossa dispõe de duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), além do recém-criado Centro de Atendimento da Criança (CAC). Só a UPA Santa Paula atende mensalmente, em média, 9 mil pacientes; a Santana acolhe cerca de 7 mil pessoas; e o CAC, em meses de alta procura, chega a atender mais de 5 mil crianças de 0 a 11 anos. No total, os três espaços somam cerca de 252 mil atendimentos por ano.
Em setembro do ano passado, o Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) assumiu a gestão das Unidades de Pronto Atendimento de Ponta Grossa. Um dos desafios encarados foi a reorganização do sistema no pós-pandemia.
“A UPA é um atendimento de urgência e emergência. São atendidos os casos prioritários de acordo com o nível de urgência. Esse alinhamento com a comunidade sobre o que é atendimento da UPA e o que é atendimento da Unidade Básica de Saúde foi um ponto bem reforçado por toda a equipe”, explica a gerente assistencial da UPA Santa Paula, Juliana da Silva Machado.
As duas UPAs são referência para os casos de urgência e emergência na região. Na Unidade em que Juliana atua há, por mês, aproximadamente 3 mil serviços pediátricos e 6 mil atendimentos em clínica médica adulto, todos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Já a UPA Santana, que também oferece o serviço de pronto atendimento odontológico no período da noite e aos finais de semana, é exclusiva para o público adulto.
Centro de Atendimento da Criança
No entanto, a 600 metros da UPA Santana, a gestão municipal colocou para funcionar o Centro de Atendimento da Criança. A estrutura que fica na Travessa Edmundo Bittencourt, em Olarias, é considerada exclusiva para casos leves envolvendo os pequenos. Por exemplo: dores de garganta, abdominal, de cabeça e de ouvido, febre, vômito, sintomas gripais, entre outros, além da aplicação de injeções e curativos. O suporte à população de Ponta Grossa conta com médicos e equipe multiprofissional à disposição 24 horas por dia.
“A nossa equipe é formada por sete médicos: pediatra e clínico geral. Temos três enfermeiros, 38 técnicos de enfermagem, cinco auxiliares de enfermagem e 24 pessoas que fazem o trabalho de recepção e administrativo”, pontua a coordenadora do CAC, Rosenéia de Fátima Roque.
Ela está à frente do time desde maio do ano passado, quando o Centro foi inaugurado com três salas de atendimento médico, farmácia para suprimento da demanda interna, salas de triagem, medicação, observação, coletas e de pequenos procedimentos.
O local surgiu no intuito de descentralizar e absorver de forma mais eficiente a demanda infantil, diminuindo o movimento na UPA Santa Paula, que permanece atendendo os casos mais urgentes envolvendo os pequenos. De acordo com a Fundação Municipal de Saúde, os números iniciais de funcionamento do CAC apontaram para uma queda de aproximadamente 50% nos atendimentos pediátricos registrados na UPA Santa Paula.
“No CAC a gente consegue resolver os casos de menor complexidade, mas sempre estamos abertos à toda população. Se vem uma mãe para cá, a gente procura ajudar em tudo o que ela precisa. Se ela necessitar de um serviço de maior especialidade, nós vamos fazer o melhor encaminhamento possível para aquela criança e aquela mãe”, reforça Rosenéia. A coordenadora recebe ali crianças de diferentes cantos de Ponta Grossa. “A gente ouve bastante elogio das famílias”, afirma.
Empatia
A avaliação positiva dos pacientes, sejam crianças ou adultos, se deve ao trabalho de humanização do serviço. Essa palavra cada vez mais faz parte do vocabulário dos servidores dentro das UPAs e do CAC. Foi o olhar apurado e empático de um médico que atua na UPA Santa Paula que permitiu atendimento eficiente para Katlyn Paes de Almeida, de 21 anos. Após sofrer acidente de moto, ela encontrou na UPA o encaminhamento correto para a lesão que sofreu no tendão.
“Se não fosse ele [médico], eu não saberia que tinha rompido o tendão. Ele viu e encaminhou para cá [UPA Santa Paula]. Avisou que seria mais rápido do que no particular, pois lá teria que fazer muitos exames e ficaria muito caro”, detalha a paciente, que só aguardava a vaga para ser transferida para o hospital. “Foi rápido [o atendimento]. Eu estava meio nervosa porque não estou acostumada com essa situação, mas foi rápido”, completa.
O INDSH, por meio de um trabalho conjunto com a Fundação Municipal de Saúde, tem investido em dois pilares fundamentais na assistência aos pacientes das duas UPAs: humanização e qualidade. “As UPAs investem muito no treinamento e qualificação da equipe. Esse processo de segurança do paciente é um ponto fundamental na nossa assistência, com embasamento em protocolos institucionais que facilitam o atendimento, geram agilidade e segurança para o paciente”, comenta Juliana.
Para promover uma assistência mais acolhedora, são realizadas ações de humanização e há uma sensibilização constante da equipe para que enxergue o paciente além da sua queixa clínica, avaliando aspectos sociais e emocionais no processo de acolhimento.
“A humanização é ponto base de qualquer assistência. A gente precisa ter um olhar humano, observando a necessidade daquele paciente e atendendo conforme a sua condição. Isso para que ele realmente possa se sentir cuidado”, acrescenta a gerente assistencial.
Esse processo ocorre com o caminhoneiro aposentado Dourival César Ribeiro, de 68 anos. O morador do Bonsucesso trata desde 2010 um quadro de trombose, que voltou a incomodar nos últimos dias. Esta é a segunda vez que faz uso da assistência da UPA Santa Paula.
“Aqui são muito bons. Eu estou satisfeito. Da outra vez que vim aqui, me atenderam muito bem e fiquei bom logo. E hoje também tive um bom atendimento. Fui medicado e só estou aguardando”, comenta.
Na pesquisa mais recente de satisfação, o indicador da UPA ultrapassou os 80% de pacientes que se consideram plenamente satisfeitos com o serviço prestado pela Unidade. Não é diferente no CAC. O ambiente lúdico encontrado desde a recepção ajuda famílias a esquecerem por um tempo os problemas de saúde dos pequenos.
“Temos um cantinho da leitura para as crianças maiores, mesinhas, desenhos impressos. Tudo isso para a criança se sentir mais acolhida. Sabemos que não é fácil uma criança doente e com dor. Então, a maneira como a equipe de enfermagem recebe essa família e trata essa criança é um ponto positivo para a gente”, elogia Rosenéia, que orienta a equipe para a redução do uso de vocabulário técnico, ampliando a receptividade das crianças.
“Foi muito bom, gostei bastante. Estavam todos interessados em atender o mais rápido possível. Vi que a equipe das enfermeiras estava bem preocupada, tentando agilizar o atendimento, gostei bastante”, conta Valquíria Moreira, mãe de Lavínia. Ela saiu do CAC com os remédios receitados por um dos médicos da unidade.
Terceira UPA
Em breve o Pronto Atendimento de Ponta Grossa será ampliado. O Governo Municipal conquistou recursos para a construção de uma UPA em Uvaranas. O investimento está na casa de R$ 12 milhões. Também serão destinados recursos para a aquisição de equipamentos.
O projeto prevê uma estrutura de 875 metros quadrados que será construída na confluência da Avenida General Carlos Cavalcanti com a Alameda Nabuco de Araújo, próximo ao Terminal de Uvaranas e do campus da Universidade Estadual de Ponta Grossa. (Publieditorial)
Fotos: Dorival de Arruda Moura Neto