A Casa da Indústria de Ponta Grossa, da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) dá continuidade à uma série de entrevistas com os presidentes dos Sindicatos Patronais, vinculados ao Sistema, em Ponta Grossa e na região dos Campos Gerais. A segunda deles foi realizada com o presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de material Elétrico de Ponta Grossa (Sindimetal), Orceli Alves Martins.
O setor metalúrgico passou por dificuldades no período da pandemia da covid-19 (2020 e 2021), devido ao preço do aço, esboçando uma reação com o ápice da deflação da comodity registrada em agosto de 2022, sendo a maior variação negativa dos últimos anos, o que reaqueceu o setor e registrou um crescimento de 2% no ano passado.
Como pode ser avaliado o cenário atual do setor metalúrgico?
O cenário hoje é incerto. Primeiramente pela mudança de governo. Desta forma, não temos uma visão clara do que pode vir ocorrer, tendo apenas algumas ideias de que este primeiro trimestre será meio travado. No entanto, para o segundo trimestre, temos a expectativa que a economia em função de algumas concessões que deverão ser feitas pelo Governo, que deverá liberar crédito, principalmente o Banco Nacional do Desenvolvimento Social (BNDS), com taxas de juros mais acessíveis, exatamente para fomentar o setor da Indústria.
Qual postura as empresas devem ter no momento?
Boa parte das empresas já vinham se preparando desde setembro de 2022, devida a instabilidade percebida no início do último trimestre no ano passado, tanto pelo cenário eleitoral como a possibilidade de uma troca de governo e modelo de gestão. Desde então, estas empresas tomaram medidas de austeridade, segurando nos seus custos internos, procurando gastar o menos possível atrasando a execução de novos projetos. Para os que não tomaram ações preventivas, o momento agora é de cautela em relação a custos e investimentos.
Quais são os impactos previstos pela mudança no governo federal para o setor do metal?
Acredito que não haverá grandes mudanças para o setor. Já passamos por quatro governos do PT, de modo que a gente já tem uma ideia do que poderá vir. A PEC da transição, por exemplo, sabemos que seriam aprovadas medidas nos mesmos moldes, independentemente de mudança do presidente da República. A cautela a gente tem que ter sempre, mas a expectativa nossa que trabalhamos, principalmente, com produto popular para a classe C e D, é que venha melhorar em função de um aumento de poder de compra para estas pessoas, que refletirá na indústria como um todo.
Qual é a expectativa em relação ao clima das negociações sindicais com a mudança de governo?
Ainda é muito recente. Percebemos alguns sinais de categorias e sindicatos ligados com a Força Sindical e com a Central Única dos Trabalhadores (CUT), por apresentarem maneiras de ver a negociação um pouco diferente do que nos últimos anos. No entanto, em nossa região, especificamente no nosso setor, não foi notada essa movimentação, de modo a gerar dificuldades nas negociações. Sempre tivemos uma boa relação com o sindicato dos trabalhadores.
O setor do metal tem algo a esperar, alguma reivindicação, algo que precisa ser atendida pelo governo municipal e estadual?
Em relação ao governo municipal, devida a proximidade e o diálogo que temos tem tido, geralmente somos atendidos, dentro daquilo que é possível. Em relação ao governo do estado, mesmo não sendo atendidos em todos os nossos pedidos, sempre somos muito bem recebidos, o que também é muito importante.
E em relação a Fiep, como se pode avaliar o trabalho realizado?
Enquanto presidente do Sindimetal, torço pela continuidade do trabalho realizado pela gestão atual. Percebemos mudanças muito importante realizadas nos últimos anos, que aproximam a Federação dos Sindicatos Patronais e por consequência, do industrial, que mais do que nunca necessita do suporte oferecido pela Fiep.
Em relação aos rumos do setor da indústria metal, o que que nós podemos esperar para os próximos anos?
O setor metal sofreu muito no período da pandemia e pós pandemia, em função dos aumentos do metal e do aço. Já ao longo de 2022, principalmente, no segundo semestre ocorreu um ajuste de preço, ou seja, ele está chegando aos patamares que deveria estar já lá atrás.
Então, a expectativa nesse sentido é positiva, pelo fato de não vermos nenhum movimento de aumento de preço de aço, principalmente o internacional. Já está importando o aço bem mais em conta do que no início de 2022, até na metade do ano passado. Dessa forma, tenho uma boa expectativa nesse sentido, de modo a melhorar nos próximos meses, comparando com 2021 e 2022 que foram bem complicados.
Além disso, mudando ou não o governo, acredito que vai se sobressair o empresário que trabalhar, que acreditar, e não ficar esperando que o governo dê tudo, pois o governo não dá nada. Eu sempre costumo dizer que o governo não atrapalhando já está bom. Devemos manter a esperança em dias melhores.
Nas próximas semanas, a Casa da Indústria divulgará as entrevistas realizadas com os presidentes dos Sindicatos de Reparação de Veículos e Acessórios dos Campos Gerais (Sindirepa-CG); de Panificação e Confeitaria dos Campos Gerais (Sindpan-CG); de Extração de Minerais Não Metálicos do Paraná (Sindiminerais-PR); e de Olarias e Cerâmicas do Norte do Paraná (Sindicer). (Com assessoria)