No primeiro dia do Paraná Business Experience, que acontece paralelamente à Expo Dubai, o governador Carlos Massa Ratinho Junior se reuniu com investidores, redes de supermercado, fundos de investimento e representantes da família real dos Emirados Árabes Unidos. Ele explicou algumas das principais vocações e características do Estado, como a representatividade no PIB nacional (5ª maior economia), a liderança em cadeias produtivas do campo (frango, milho, peixes), o crescimento da industrialização, o potencial de geração de energia limpa e a produção com alta tecnologia.
Esse primeiro dia da rodada de negócios foi dedicado ao mercado de madeira, papel e celulose, agronegócio e a indústria de alimentos e bebidas. Na terça-feira será a vez das áreas de wellness, tecnologia, infraestrutura e indústria automotiva.
“Estamos no centro de 70% do PIB da América do Sul. Queremos ser um polo logístico de toda a região, por isso temos dois portos públicos e teremos mais portos privados, além de uma linha férrea de 1,3 mil quilômetros num futuro próximo. O Paraná tem como vocação a produção de alimentos e o selo de maior grau de qualidade sanitária do mundo, da Organização Mundial da Saúde Animal (OIE), além da capacidade para vender de maneira eficiente essa produção a outros países”, disse Ratinho Junior.
O governador também convidou os investidores a conhecerem o Paraná. Uma visita deve acontecer já no ano que vem. “Queremos investimentos dos países árabes em infraestrutura, temos oportunidades nesse setor, o que é algo natural, mas também que os empresários da região invistam em plantas no Paraná, ou novos empreendimentos, parcerias. Queremos que conheçam o País, o nosso Estado, e entendam onde podem construir uma relação mais próxima com as empresas paranaenses”, acrescentou.
Na questão de alimentos, o governador citou um comércio que já existe com os países árabes com o abate halal; a industrialização do setor agrícola e pecuário para o mercado de alimentos prontos para consumo; e a variedade da produção do Estado para além das grandes cadeias tradicionais (grãos e proteína animal), com o braço florestal, a fruticultura, a erva-mate, os cafés especiais, os derivados do leite e o malte.
Em relação ao turismo, ele citou investimentos em Foz do Iguaçu, principal polo turístico do Estado, que tem um aeroporto renovado (com a maior pista do Sul) e recebe mais recursos para alavancar a sua infraestrutura, como a Ponte da Integração Brasil-Paraguai. Também é uma cidade com uma das maiores comunidades árabes do Brasil. “É um espaço que pode receber mais hotéis, parques, resorts ou atrativos turísticos. O potencial é imenso”, afirmou Ratinho Junior.
Eduardo Bekin, diretor-presidente da Invest Paraná, destacou que o Estado deve fechar o ano com mais de US$ 20 bilhões prospectados em investimentos privados, e que há segurança jurídica para investidores internacionais, inclusive com possibilidade de incentivos fiscais.
"São quatro grandes pilares da nossa agenda em Dubai: fomentar a geração de empregos, promover o desenvolvimento regionalizado (indústrias com grande capacidade de transformação das comunidades), aumentar a arrecadação do Estado sem alterar a carga tributária, o que ajuda a reduzir o custo logístico, e atrair negócios que tenham como meta a sustentabilidade”, ponderou. Segundo ele, outro diferencial é a formação técnica dos paranaenses, com apoio das sete universidades estaduais.
Os investidores elogiaram a escolha do Paraná em apresentar os seus potenciais em Dubai. Eles explicaram que os países da região têm contratos com os Emirados Árabes Unidos para importação conjunta, pela capacidade de abertura comercial e logística no Golfo Pérsico. Eles também ponderaram que têm flexibilidade para trabalhar com outros países, interesse em investir no Brasil e podem ajudar cidades com o exemplo do "deserto que se transformou em potência”.
Participaram do encontro integrantes de empresas ligadas à família real dos Emirados Árabes Unidos, a LuLu Group International (conglomerado multinacional que opera uma rede de hipermercados e empresas de varejo) e representantes de empresas da Jordânia, Turquia, Egito, Arábia Saudita, entre outros.
Cooperativas
Um dos grandes destaques do dia foi um encontro de investidores estrangeiros com os representantes das cooperativas agroindustriais (Cocamar, Frísia, C.Vale, Agrária, Levo Foods, entre outras) que estão em Dubai. Eles falaram sobre possibilidades de aumentar a cooperação internacional. Apenas em 2020, mais de US$ 200 milhões em produtos foram negociados do Paraná para os Emirados Árabes Unidos – para os países árabes, foram mais de US$ 1 bilhão.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara, participou do encontro e citou números para exemplificar esse potencial. Ele disse que o Estado produz 2,5 milhões de toneladas/ano de açúcar, 4,5 milhões de toneladas/ano de frango e uma linha premium do mercado bovino, no qual o Estado figura com um dos dez maiores produtores do País.
“O Paraná produz em larga escala e com muita tecnologia, passando agora a explorar também subgrupos dos produtos principais. Temos muito a ofertar para o mundo”, disse.
Segundo Mario Dykstra, representante da Frísia, um dos assuntos abordados foi o mercado de leite em pó e de cereais. "Eles se mostraram bastante interessados nas nossas novidades. O objetivo é justamente fazer networking e na sequência, com ajuda da Invest Paraná, gerar algum tipo de negócio concreto. O Paraná é competitivo, tem diversidade, e precisamos apresentar isso ao mundo”, afirmou.
A Unium, marca institucional das indústrias Frísia, Castrolanda e Capal, começou a produzir neste ano o MPC (Milk Protein Concentrate, proteína concentrada de leite, em inglês) no formato “em pó”. O produto de alto valor agregado é destinado a indústrias de bebidas funcionais e nutricionais; suplementos alimentares; produtos dietéticos; produtos ricos em proteína; fórmulas infantis; barras de proteína, iogurtes, queijos e até mesmo para segmentos da panificação.
Celulose
A Klabin, maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, líder nos mercados de embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, também participou dos encontros. A empresa tem 23 fábricas no Brasil e as mais modernas ficam na região dos Campos Gerais, no Paraná, onde os investimentos alcançam R$ 13 bilhões.
Francisco Razzolini, diretor de Tecnologia Industrial, Inovação, Sustentabilidade e Projetos da empresa, disse que os encontros desta segunda-feira ajudaram a internacionalizar a marca no Oriente.
“É uma missão importante porque queremos mostrar a Klabin para um universo maior de pessoas. E principalmente falando sobre sustentabilidade. Estamos sempre buscando produtos biodegradáveis”, disse. "Já somos fornecedores de produtos para o mundo árabe, mas é uma experiência que permite desenvolver novas oportunidades". (Com assessoria)