Em tempos de tantas notícias falsas espalhadas pela internet, algumas vão evoluindo para se adequar aos desmentidos e, assim, continuar confundindo as pessoas. Por exemplo, hoje todo mundo já sabe que não dá para atacar a urna eletrônica, porque ela não é ligada à internet. Então, o boato passou a ser outro: agora, dizem que os hackers podem alterar o resultado das eleições interferindo na transmissão dos votos para o TSE – apesar de toda a criptografia de que o sistema eletrônico de votação dispõe. Por isso, é tão importante checar as informações que recebemos pelas redes sociais e pela internet, para não ajudar a espalhar mais mentiras.
Para entender como tudo acontece na realidade, é importante primeiro sempre lembrarmos que a apuração dos votos ocorre no dia da eleição, logo após a votação. Depois das 17h, não tendo mais ninguém esperando para votar na fila da seção eleitoral, o presidente da mesa digita um código na urna eletrônica e, com isso, ela é encerrada. Na mesma hora, imprime-se o Boletim de Urna (BU), que é o extrato em papel contendo todos os votos que cada candidato recebeu naquela seção.
Depois da impressão do BU, o presidente da seção retira uma espécie de pendrive – que todas as urnas têm –, onde são gravados os votos daquela seção. Esse pendrive é levado para um local de transmissão, onde é lido por um programa de computador da Justiça Eleitoral capaz de checar se os dados são autênticos e íntegros. Tendo a certeza de que as informações que ele contém são originárias de uma urna eletrônica e não foram modificadas, o conteúdo do pendrive é transmitido para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde é verificado mais uma vez. Só então os votos são encaminhados para a totalização.
Se há transmissão de dados, um hacker pode alterar os votos, certo?
Não, ele não pode. E é assim porque a Justiça Eleitoral não transmite dados tão importantes de forma aberta na internet. Todas as informações relativas às eleições circulam numa rede privativa, que é toda controlada pelo TSE e à qual apenas pessoas e sistemas autorizados têm acesso.
E, mesmo que algum hacker porventura tivesse algum sucesso acessando a rede privativa da Justiça Eleitoral, ele ainda assim não conseguiria alterar os dados das eleições. Isso porque os dados são criptografados durante o encerramento da urna eletrônica. Trocando em miúdos, isso significa dizer que eles recebem um código que faz os computadores da Justiça Eleitoral reconhecerem se eles são verdadeiros.
Caso se tentasse transmitir alguma informação adulterada, o sistema automaticamente a identificaria e a descartaria. Em português claro, se não for uma informação genuína do sistema eletrônico de votação, que saiu de uma urna eletrônica, o sistema a rejeita, e os votos não são totalizados.
É importante destacar também que cada urna imprime várias cópias do Boletim de Urna, que são afixadas na seção eleitoral, enviadas às juntas eleitorais e distribuídas para partidos políticos, mesários e outros interessados. Assim, qualquer pessoa pode comparar os dados do BU com os publicados na internet após a eleição. Com tanta gente assim fazendo a fiscalização em todas as seções eleitorais do país inteiro, qualquer tipo de fraude na transmissão e totalização não escaparia sem ser descoberta.
Parece simples, mas envolve, além do acompanhamento das cidadãs e dos cidadãos do Brasil, muita tecnologia de ponta, com a qual o TSE constantemente aprimora e atualiza todo o sistema. A verdade é que, a cada eleição, a segurança do voto sempre fica mais robusta. (Com assessoria)