O governador Carlos Massa Ratinho Junior participou nesta quinta-feira (25) de evento em Foz do Iguaçu, na região Oeste, com o presidente Jair Bolsonaro e destacou a parceria da Usina de Itaipu com o Governo do Estado para tirar do papel obras estratégicas para o Paraná. A cerimônia tratou do anúncio da revitalização do sistema de Corrente Contínua de Alta Tensão (HVDC) de Furnas, responsável pela transmissão ao mercado brasileiro da parte da energia produzida pela binacional que não é utilizada pelo Paraguai.
A usina vai investir R$ 1 bilhão pelos próximos cinco anos na melhoria do sistema, que entrou em operação em 1984, junto com a primeira unidade geradora da hidrelétrica, e até agora não tinha sido modernizado. O recurso faz parte de um montante de R$ 2,5 bilhões que a Itaipu está investindo nos últimos dois anos, sendo que pelo menos R$ 1,4 bilhão é para projetos de infraestrutura que são de interesse do Estado.
“Nunca a Itaipu investiu tanto no desenvolvimento estratégico do Paraná como nos últimos dois anos”, afirmou Ratinho Junior. “Nós, como paranaenses, temos orgulho e alegria de ter a maior usina hidrelétrica em geração do planeta, que ajuda a posicionar o Paraná como um dos principais geradores de energia do Brasil. A força dos nossos rios e de empreendimentos como a Itaipu, as usinas da Copel e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCH) produz a energia sustentável que dá segurança energética ao País”.
O governador também destacou os investimentos do Estado no setor, como o programa Paraná Trifásico, da Copel, que está trocando as redes monofásicas pelo sistema trifásico em todo o Estado.
O presidente Bolsonaro também ressaltou os projetos estratégicos da usina. “Com liberdade e iniciativa, a Itaipu entrou no rumo da prosperidade, colaborando com o Governo do Paraná e com mais de 30 prefeituras da região. Toda estatal tem que ter uma visão social, tem que se antecipar aos problemas e ter visão de futuro”, afirmou. “O Paraná é um estado de grande futuro e um exemplo para muitos outros no Brasil, um Estado que está na dianteira de muita coisa”, destacou o presidente.
As obras
Estão neste pacote a construção da Ponte da Integração Brasil – Paraguai, a segunda em Foz do Iguaçu, e da perimetral até a BR-277, que acompanha a obra e deve ser iniciada em 2021. Construída sobre o Rio Paraná, a nova estrutura vai desviar da Ponte da Amizade o trânsito pesado de caminhões, também contribuindo com o escoamento da produção agropecuária do país vizinho.
A duplicação da Rodovia das Cataratas, importante corredor turístico da cidade, também será financiada quase que integralmente pela Itaipu Binacional. A BR-469 é a única via de acesso às Cataratas do Iguaçu e ao Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, que também recebe investimentos da usina.
As obras de ampliação da pista do aeroporto já estão em 85% e vão permitir que aeronaves maiores, vindas da Europa e dos Estados Unidos, possam fazer voos diretos até Foz, beneficiando não só o turismo, mas também contribuindo com o projeto de transformar o Paraná no hub de distribuição da América do Sul.
A Itaipu também destinou recursos para outras obras, como a implementação da Estrada Boiadeira, entre Porto Camargo e Umuarama; o Contorno de Guaíra; a duplicação do Contorno Oeste e da BR-277, em Cascavel; e a revitalização da Ponte Ayrton Senna, também em Guaíra; a implementação de iluminação viária em trechos da BR-277; e a ligação entre Ramilândia e Santa Helena.
Sistema HDVC
A margem brasileira da Itaipu Binacional vai investir R$ 1 bilhão pelos próximos cinco anos para a modernização do sistema HDVC. O investimento contempla a substituição completa dos principais componentes do Bipolo 1, nas subestações de Foz do Iguaçu e Ibiúna, além dos sistemas de supervisão, proteção e controle dos Bipolos 1 e 2.
A revitalização é considerada estratégica para os dois países, tanto pela garantia de acesso ao mercado brasileiro pelo Paraguai como pela segurança energética do Brasil. O país vizinho tem direito à metade da produção de Itaipu, mas com 15% já supre quase todo o seu consumo de energia. O excedente de produção não utilizado pelos paraguaios é comprado pelo Brasil. A energia total de Itaipu abastece em torno de 14% de toda a demanda brasileira.
Desde que começou a operar, o sistema HVDC, considerado pioneiro na América Latina, não recebia reforma de grande porte. Por ele passaram 1,18 bilhão de megawatts/hora (MWh) dos mais de 2,7 bilhões MWh produzidos pela Itaipu desde 1984, ou seja, 43% do total. O sistema se estende por 800 quilômetros, entre Foz do Iguaçu (PR) e Ibiúna (SP).
A subestação de Ibiúna está localizada a menos de 100 quilômetros da cidade de São Paulo e, por isso, é uma subestação estratégica para o Sistema Interligado Nacional (SIN), com 11 linhas de transmissão em corrente alternada que podem escoar a energia que é transmitida pelo sistema de corrente contínua de Furnas para os grandes centros consumidores das regiões Sul e Sudeste.
Os sistemas de corrente contínua (CC) são ideais para transmitir energia em longas distâncias porque têm perdas menores, na comparação com a corrente alternada. Além disso, nessa mesma comparação, o custo das linhas de transmissão em CC é menor, porque utiliza menos cabos e as torres são mais simples.
Quando Itaipu foi construída, este sistema de corrente contínua era a única forma tecnicamente viável de escoar parte da energia produzida pela usina na frequência de 50Hz para o Sudeste, que experimentava grande expansão industrial. Isso porque a energia que é escoada para o Paraguai é na frequência de 60 Hz, e precisa passar pela conversão para integrar o sistema brasileiro.
Hoje, o Brasil conta com mais dois sistemas similares, que são justamente utilizados para ligar usinas localizadas na Região Norte, distantes dos centros consumidores. É o caso do sistema de CC que transmite a energia gerada pelas usinas Jirau e Santo Antônio, pertencentes ao complexo Rio Madeira, e o sistema da usina de Belo Monte, no rio Xingu. (Com assessoria)