Da cevada à cerveja: um dos pilares da economia de Ponta Grossa

Da cevada produzida nos Campos Gerais à cerveja que enche o copo dos ponta-grossenses; da antiga fábrica da cervejaria Adriática à München Fest, passando pelo tradicional Encontro de Mestres Cervejeiros. A cerveja faz parte da cultura, da história e da economia de Ponta Grossa.

O estado do Paraná é o maior produtor nacional de cevada, um dos principais ingredientes utilizados na fabricação de cerveja. Na Safra 2019/2020, a produção paranaense chegou a 289 mil toneladas, um crescimento de 13% em relação ao período anterior. Os dados são da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento.

Do total de cevada produzida no Paraná, 30% vem da região dos Campos Gerais. “A região dos Campos Gerais é um local em que cevada se adaptou melhor e se desenvolveu melhor até pelo nível tecnológico dos nossos produtores que já estão acostumados a produzir com qualidade”, explica o engenheiro agrônomo e produtor rural Fábio Schmidt.

Atração de grandes indústrias e pequenas cervejarias

Além da grande produção de cevada na região, a qualidade dos mananciais no município e a existência de mão de obra qualificada atraíram grandes indústrias cervejeiras para Ponta Grossa. A cidade abriga duas fábricas de grandes cervejarias: Companhia de Bebidas das Américas (Ambev) e a Cervejaria Heineken Internacional.

A professora do departamento de Turismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Rúbia Tramontin Mascarenhas, destaca a importância da produção de cerveja para a economia, desenvolvimento regional e geração de recursos no município.

“Somente o número de cervejarias que surgiram na nossa região e o número de litros produzidos são dados que comprovam a importância econômica da cerveja para Ponta Grossa”, afirma. Ela cita como exemplo a Cervejaria Heineken que, em março, investiu R$ 870 milhões para dobrar a capacidade de produção na Unidade de Ponta Grossa e chegar a marca de 1 bilhão de litros por ano.

Ela lembra ainda que o município é polo da produção artesanal de cervejas. “Desde a inauguração oficial da primeira cervejaria artesanal em 2013, a Brauerei Schultz, Ponta Grossa apresenta crescimento de bares e lojas especializadas que vendem esses produtos, que refletem no consumo de cerveja, no número de consumidores, na propagação da cultura da cerveja artesanal e no maior acesso a informações sobre as próprias cervejarias locais”, afirma.

De acordo com a Associação das Microcervejarias dos Campos Gerais, as microcervejarias de Ponta Grossa geram em torno de 30 empregos diretos.

Rota da Cerveja

A turismóloga Olívia Franzóia Moss reforça a papel das pequenas cervejarias para o turismo. Ela comenta que, através da criação da Rota da Cerveja, o visitante tem a oportunidade de conhecer o processo de fabricação da cerveja, ouvir a história das cervejarias em Ponta Grossa e interagir com quem trabalha no setor.

“Mais do que agregar valor para o turismo e regatar a história, a Rota da Cerveja também tem esse viés de melhorar essas microcervejarias enquanto gestão e negócio. Diversas instituições ofereceram esse apoio empresarial para que as cervejarias conseguissem se estruturar da forma mais adequada para receber esse turista”, comenta.

Ela acrescenta que os impactos dessa estruturação podem ser sentidos em outros setores que acabam se beneficiando da atividade econômica gerada pelo turismo. “Iniciativas como a Rota da Cerveja movimentam uma cultura econômica completa, a gente está falando da cadeia produtiva do turismo. Não são só as cervejarias que são impactadas, mas também o transporte, o restaurante e o guia de turismo”, enumera. 

Lançada em 2019, a Rota da Cerveja integra sete cervejarias de Ponta Grossa que são a OAK Bier, Brauerei Schultz, Strasburger, Palais, Trem Fantasma, Koch Bier e Partner. (Com assessoria)