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Ponta Grossa Cidades 19/06/2020

Demanda por poços artesianos aumenta quase 160% na região

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Demanda por poços artesianos aumenta quase 160% na região

A região dos Campos Gerais registra um crescimento na demanda de autorizações para perfuração de poços artesianos.  É o que mostra o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), que acompanha a evolução por meio da emissão da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) dos serviços executados. Nas microrregiões de Ponta Grossa, Castro e Telêmaco Borba, o crescimento chegou a quase 160% em 2019, na comparação com o ano anterior.

No ano passado foram 106 registros de serviços relacionados a Poços Tubulares Profundos (PTP), contra 41, em 2018. Os dados mostram ainda que o volume registrado de janeiro a maio deste ano (108) já superam o total de 2019. Vale destacar que, em alguns casos, são emitidas duas ARTs, uma no processo de anuência e outra no processo de outorga.

Por Inspetoria, o aumento mais expressivo foi em Castro (49%), passando de 25 ARTs, em 2018, para 47 no ano seguinte. Na Inspetoria de Ponta Grossa, o incremento foi de 30% e, na de Telêmaco Borba, de 21%.

Engenharia complexa

A construção de um poço artesiano é uma obra de engenharia complexa, que segue uma série de normas técnicas para a sua elaboração e execução. Por conta disto, o Engenheiro de Minas, Engenheiro Geólogo ou Geólogo são os profissionais responsáveis pela elaboração do projeto construtivo do poço e pelo acompanhamento da obra, garantindo que a mesma atenda a todos os padrões estabelecidos por normativas.

O gerente do Crea-PR em Ponta Grossa, Engenheiro Agrônomo Vânder Della Coletta Moreno, explica que o crescimento pode estar ligado a diversos motivos, como a regularização de poços antigos, as condições climáticas (estiagem), o fomento da agricultura e pecuária, além do aumento de poços perfurados pelo Instituto das Águas nos convênios com as prefeituras.

A maior demanda por perfurações ocorre na área rural, por agricultores e produtores da agroindústria. As demais formas de uso da água subterrânea são pela indústria, comércio e condomínios. Conforme o gerente, a perfuração de poços é importante na área rural, em locais onde não há disponibilidade de rede de abastecimento de água, mas também tem se mostrado uma alternativa nas áreas urbanas.

“Apesar de haver rede de distribuição de água disponível, os empreendedores enxergam oportunidade de redução de custos por meio da captação e utilização de água subterrânea”, comenta.

Os poços artesianos podem ser requeridos por pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. Podem ser construídos em qualquer tipo de empreendimento e com as finalidades mais diversas, em regiões desprovidas de abastecimento público ou quando a demanda é muito alta. Edifícios e condomínios geralmente utilizam poços para reduzir os custos do abastecimento. O Geólogo, por meio do seu conhecimento técnico, é capaz de determinar quais são os locais mais propícios para a instalação dos poços, que contêm maior vazão de água com menor profundidade, reduzindo o custo da obra. Além de garantir que todas as condições sanitárias do poço sejam atendidas.

Qualidade das Águas Subterrâneas

Para a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), as águas subterrâneas apresentam algumas propriedades que tornam o seu uso mais vantajoso em relação ao das águas dos rios: são filtradas e purificadas naturalmente, determinando excelente qualidade e dispensando tratamentos prévios; não ocupam espaço em superfície; sofrem menor influência nas variações climáticas; são passíveis de extração perto do local de uso; possuem temperatura constante; têm maior quantidade de reservas; apresentam grande proteção contra agentes poluidores e o uso do recurso aumenta a reserva e melhora a qualidade.

Um estudo do Instituto Trata Brasil e do Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas da Universidade de São Paulo (USP) mostrou que o Brasil tinha mais de 2,5 milhões de poços artesianos em 2016. Na época a pesquisa também apontou um problema; a maior parte dos poços existentes – em torno de 90% - era clandestina e funcionava sem outorga. Ou seja, quando não há concessão a captação de água subterrânea fica sujeita a contaminações e a problemas ambientais e sanitários que comprometem a qualidade da água. (Com assessoria)