O quarto painel do Seminário Internacional Fake News e Eleições, realizado na última sexta-feira (17), no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em Brasília, foi mediado pelo ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República Sérgio Etchegoyen e debateu as ferramentas de enfrentamento das notícias falsas.
Primeiro palestrante do painel, Daniel Bramatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), reconheceu a dificuldade em desmentir certos conteúdos falsos, mas resaltou que não se combate a desinformação com legislação ou com censura. Daí a importância de, cada vez mais, melhorar a qualidade do jornalismo como instrumento de fortalecimento da democracia. Ele informou que o Projeto Comprova, lançado nas Eleições Gerais de 2018 para checar informações falsas propagadas durante o processo eleitoral, será repetido no segundo semestre de 2019 para identificar dados inverídicos sobre políticas públicas.
Ferramentas gratuitas
O diretor de Estratégia e Negócios da Agência Lupa, Gilberto Scofield Junior, ressaltou a importância de ensinar, mobilizar e estimular a sociedade a utilizar as ferramentas gratuitas disponíveis para identificar notícias falsas e imagens montadas. Para ele, a educação é a melhor ferramenta para combater as fake news e desconstruir a mentira. O painelista informou que está finalizando um projeto em parceria com a Justiça Eleitoral para treinar servidores para checagem e identificação de conteúdo enganoso nas Eleições Municipais de 2020.
Velocidade das fake news
Danilo Carvalho, pesquisador da Fundação Getúlio Vargas (FGV/DAPP), informou que estudos realizados em vários países mostram que as fake news se espalham com mais velocidade e chegam mais longe do que as notícias verdadeiras, sobretudo se o assunto for relacionado à política ou aos políticos. O palestrante também defendeu o fortalecimento da educação midiática como instrumento para reduzir a propagação e o alcance das mensagens inverídicas.
Agentes maliciosos
Conforme observou o diretor de Políticas Públicas e Relações Governamentais da Google Brasil, Marcelo Lacerda, o fenômeno da desinformação não é um fato novo, e a Google atua em várias frentes para tentar combatê-lo. “Agentes maliciosos sempre existiram e sempre existirão”, disse. Ele defendeu a ampliação de projetos de educação midiática em sala de aula, o fortalecimento do jornalismo de qualidade e o estímulo a debates multissetoriais como forma de enfrentar a atuação de agentes ardilosos que distorcem dados nas diversas mídias e plataformas.
Desinformação coordenada
Concluindo o painel, o jornalista Andrés Jiménez, do instituto independente Maldita.es, afirmou que a sociedade que preserva a verdade deve se mobilizar para reconhecer e denunciar a disseminação de notícias falsas. Ele ressaltou que as pessoas por trás da proliferação desse tipo de conteúdo são muito coordenadas: “Também precisamos atuar coordenados para propagar a informação correta na mesma velocidade”. Ele enfatizou que, da mesma forma que a desinformação na política pode alterar o resultado das urnas, a desinformação na área de ciência, por exemplo, pode impactar a vida das pessoas.
Simpatia ou antipatia
Antes de encerrar o painel, o mediador Sérgio Etchegoyen conclamou a todos a checar a veracidade das notícias que circulam pelas diversas mídias, de forma que os fatos vençam as mentiras. O ex-ministro enfatizou que o efetivo exercício da cidadania não pode ser feito por impulso de simpatia imediata ou antipatia gratuita. (Fonte: TSE)