O Núcleo de Economia Regional e Políticas Públicas (NEREPP) divulgou nesta quinta-feira (25) um novo boletim sobre a balança comercial da região dos Campos Gerais. O documento produzido pelo Núcleo, órgão ligado à Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), mostra um superávit na balança comercial dos 19 municípios que integram a região no período de janeiro a setembro de 2018. O boletim pode ser acessado clicando aqui.
De acordo com o documento, durante o período a balança comercial da região dos Campos Gerais apresentou superávit de US$ 595 milhões. De acordo com o documento, as exportações da região ultrapassaram US$ 1 bilhão, enquanto que as importações foram de US$ 415 milhões.
O documento mostra ainda que no período a região foi responsável por 8,4% e 4,5% das exportações e importações do estado do Paraná, respectivamente. O pesquisador Alex Sander Souza do Carmo, professor adjunto do Curso de Economia da UEPG e integrante do grupo, lembra que a região dos Campos Gerais é composta por 19 municípios - em 18 deles houve participação no comércio internacional, seja por meio de exportações ou de importações; a única exceção foi o município de Imbaú.
“Os dados revelam que o comércio internacional é extremamente concentrado em alguns municípios e isso já era esperado devido a diferença de tamanho [população] dos mesmos e das suas estruturas produtivas”, explica Alex. O documento divulgado pelo Núcleo revela ainda que no que diz respeito ao volume das exportações, Ponta Grossa tem 39,90% do total, enquanto Ortigueira compreende 20,25% e Telêmaco Borba conta com 17,17%.
De forma conjunta, os três municípios representam 77,32% do que foi exportado no período de janeiro a setembro de 2018. “Nesse aspecto, é necessário ressaltar a importância de Ortigueira na região após a instalação da planta industrial da Klabin no município. Já do ponto de vista das importações, a concentração ainda é maior, tendo em vista que apenas o município de Ponta Grossa representa 81,25% das importações da região”, conta o professor Alex.
Diversidade nas exportações
O documento revela que os 16 municípios exportadores da região, quatro deles (Curiúva, Porto Amazonas, Reserva e Ventania) concentram as exportações em uma única categoria do Sistema Harmonizado. Por outro lado, os municípios de Ponta Grossa e Palmeira são aqueles que apresentam a pauta de exportação mais diversificada, tendo em vista que a principal categoria exportada pelos municípios representa apenas 21,83% e 28,63%, respectivamente.
Outro ponto a salientar, é que seis municípios concentram as suas exportações na categoria “madeira, carvão vegetal e obras de madeira” e outros quatro na categoria “papel e cartão; obras de pasta de celulose, de papel ou de cartão”. “Isso se deve a presença de importantes empresas do setor na região, como a Masisa e a Klabin”, explica Alex.
Números da importação nos Campos Gerais
O documento do Nurepp revela ainda que a pauta de importação dos municípios é mais desconcentrada do que a pauta de exportações. Os dados mostram que dos doze municípios que importaram no período de janeiro a setembro de 2018, apenas Porto Amazonas concentrou as importações em apenas uma única categoria.
“Ponta Grossa e Telêmaco Borba são os municípios que possuem pautas de importação mais diversificadas, tendo em vista que a principal categoria respondeu por apenas 24,65% e 22,72% das importações, respectivamente. Já a categoria mais importada pelos municípios é a de reatores nucleares, caldeiras, máquinas, aparelhos e instrumentos mecânicos, e suas partes”, explica o professor Alex.
Comparativo entre 2017 e 2018
O boletim do Núcleo apresenta ainda dados comparativos ao período de janeiro a setembro de 2018 com o janeiro a setembro de 2017. De acordo com o professor Alex, os números mostram que uma queda de 45,88% no montante exportado pela região dos Campos Gerais.
O pesquisador explica que a piora da inserção externa da região dos Campos Gerais foi puxada pela redução nas exportações de Ponta Grossa. “Em 2018, no período de janeiro a setembro, as exportações do município foram de US$ 403 milhões ante US$ 1,1 bilhão no mesmo período do ano anterior; o que representa um decréscimo de US$ 755 milhões”, conta.
Queda nas exportações em relação a 2017
O documento também traz uma análise mais detalhada das exportações de Ponta Grossa e revela que as principais categorias que sofreram quedas nas exportações, no comparativo de janeiro/setembro dos anos de 2017 e 2018, foram aquelas vinculadas com o complexo soja, com destaque para as categorias de resíduos e desperdícios das indústrias alimentares; alimentos preparados para animais.
Além disso,a categoria de sementes e frutos oleaginosos; grãos, sementes e frutos diversos; plantas industriais ou medicinais; palhas e forragens e de gorduras e óleos animais ou vegetais; produtos da sua dissociação; gorduras alimentares elaboradas; ceras de origem animal ou vegetal também sofreram quedas.
O professor Alex conta que as exportações dessas três categorias sofreram uma redução de US$ 749 milhões em relação ao mesmo período (janeiro/setembro) de 2017. “Vale aqui registrar que estudos posteriores devem investigar de forma mais detalhada quais foram os principais motivos que levaram a essa redução nas exportações do município de Ponta Grossa”, sinaliza.
Motivações e explicações
O documento revela ainda que próximos estudos deverão analisar as motivações na queda das exportações do período. “Esses estudos posteriores deverão analisar se os motivos foram questões conjunturais, devido às oscilações do mercado, ou se foram questões estruturais, como a saída de empresas do município para outras regiões”, pondera Alex.
“O entendimento dessas questões são de suma importância, tendo em vista o importante papel das exportações na geração de emprego e renda na região”, conta o professor. (Com assessoria)