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Ponta Grossa 15/04/2021

UEPG e HU criam ambulatório de reabilitação para atender pacientes com sequelas da Covid-19

Serviço vai reabilitar pessoas com diversas patologias, com foco inicial em pacientes recuperados da Covid-19. Projeto une práticas de reabilitação a um laboratório multiprofissional

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UEPG e HU criam ambulatório de reabilitação para atender pacientes com sequelas da Covid-19

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) e o Hospital Universitário Regional dos Campos Gerais iniciaram as atividades do Ambulatório Multiprofissional de Reabilitação de Ponta Grossa.

O serviço vai ajudar a recuperar pessoas com diversas patologias e, como forma de auxiliar no trabalho dos profissionais que atuam no combate à pandemia, tem foco inicial na reabilitação de pacientes recuperados da Covid-19. Pioneiro no Brasil, o projeto une práticas de reabilitação a um laboratório multiprofissional, com possibilidades de pesquisa, extensão e ensino.

O atendimento começou na segunda-feira (12) e acontece no Bloco G do Departamento de Educação Física, pertencente ao Setor de Ciências Biológicas e Saúde (Sebisa).

O ambulatório integra o plano de otimização dos laboratórios multiusuários da universidade e intensifica a ligação entre UEPG e HU. O trabalho conta com a atuação da equipe da Residência Multiprofissional de Saúde do Hospital, profissionais da Educação Física, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, assistentes sociais, fonoaudiólogos, pesquisadores, professores e alunos da graduação e pós-graduação.

De acordo com o diretor técnico do HU, Ricardo Zanetti, o projeto é pioneiro na instituição, pois une os serviços de ambulatório e laboratório multiusuários. “O ambulatório vai reabilitar pessoas com diversas patologias, como ortopedia, derrames, AVCs, doenças cardíacas e pulmonares, dentre outros. Já que que hoje o tratamento pós-Covid é mais prevalente, também faremos esse trabalho”, explicou.

Ele informou que o trabalho de reabilitação envolve setores do ensino, pesquisa e saúde, o que amplia o leque de atuação das instituições. “Outra área importante que o projeto irá abordar será a reabilitação de atletas de alta performance. É um laboratório multiusuário de tal forma que vários níveis do conhecimento poderão utilizar de maneira simultânea e coordenada”, completou.

Parceria

O reitor da UEPG, Miguel Sanches Neto, destacou a parceria entre o curso de Educação Física e o HU. “Aqui os profissionais terão um bom ambiente de trabalho, que aproximará o ensino do HU. Esse sempre foi o nosso objetivo, melhorar assistência e fortalecer o ensino dos nossos alunos”, disse.

Para o diretor do Hospital Universitário, Sinvaldo Baglie, é fundamental que exista a possibilidade de colocar serviços e ações para a sociedade em um local como o ambulatório. “No momento em que temos a oportunidade de um espaço como esse, que terá ações cada vez melhores, poderemos ver o trabalho de formas diferentes. Assim trabalharemos com uma boa formação e novas atitudes em assistência”, afirmou.

Diretor da Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi) e chefe adjunto do Departamento de Educação Física, Miguel Archanjo também frisou a novidade da parceria. “São soluções novas para velhos problemas. Essa é uma grande ação em prol da sociedade, no espaço dos nossos sonhos, que talvez poderia ficar fechado”, disse.

Para a diretora do Setor de Ciências Biológicas e Saúde, Fabiana Postiglione Mansani, a iniciativa representa uma relação importante entre ensino e serviço. “Isso oportuniza atendimento à comunidade e também a aproximação do curso de bacharelado em Educação Física”, disse. “A aproximação do Sebisa com as atividades exercidas pelo HU constitui um ganho na formação acadêmica, atividade extensionista e, principalmente, no serviço de atenção à comunidade, em especial nesse momento de internação de pacientes com Covid-19”.

Reabilitação pós-Covid

O trabalho desempenhado no ambulatório também possibilitará a recuperação de pacientes com sequelas da Covid-19 em um ambiente fora do hospital. Até o momento o serviço acontece apenas no âmbito hospitalar, enquanto os pacientes ainda estão internados.

De acordo com Juliana Schleder, coordenadora do Programa de Residência Multiprofissional em Reabilitação, o município não possui um centro de reabilitação para um acompanhamento adequado, o que aumenta o tempo de recuperação dos pacientes.

“A doença em si e os efeitos do longo período de internamento acarretam sequelas que podem acometer todos os órgãos e sistemas, como no cardiorrespiratório, neuromuscular, digestivo e fonatório, além do comprometimento psicossocial”, explicou.

Segundo o coordenador do Departamento de Educação Física, Gonçalo Cassins Moreira do Carmo, o espaço garantirá segurança no atendimento. “O paciente que se recuperou da Covid-19 acabava precisando voltar ao hospital para reabilitação, o que nesse momento é bastante inseguro”, disse.

Após a alta hospitalar, a independência funcional da pessoa está debilitada, lembra o coordenador do curso de Bacharelado em Educação Física, Nilo Massaru Okuno. O paciente pode apresentar dificuldades de ficar em pé, caminhar, manusear objetos de peso um pouco maior, além de precisar usar cadeira de rodas.

“O trabalho inicial acontece por meio do fortalecimento neuromuscular, alongamentos e trabalhos de equilíbrio, para depois iniciar as atividades que exigem mais da independência funcional, como caminhar em uma esteira ergométrica”, informou. “A reabilitação feita pelo profissional de Educação Física diminui o tempo necessário para o retorno às atividades do cotidiano e minimiza o comprometimento cardiorrespiratório agravado pela doença”.

Dia a dia

A equipe multiprofissional do Programa de Residência em Reabilitação do HU-UEPG inicia o trabalho de recuperação de pacientes Covid-19 ainda no ambiente hospitalar. Durante o atendimento, os pacientes passam por uma avaliação e, caso se enquadrem nos critérios, a equipe inicia o processo de reabilitação.

Para a admissão no tratamento são levados em conta alguns critérios, como internamentos prolongados ou que necessitaram de terapia intensiva; quem apresenta comorbidades associadas, como diabetes mellitus, asma e cardiopatas; e quem demonstra alterações significativas nos testes físicos.

O protocolo de atendimento tem duração de até 12 semanas, com realização de duas a três sessões semanais. (Com assessoria)