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Ponta Grossa 30/07/2020

UEPG desenvolve protótipo de ventilador pulmonar

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UEPG desenvolve protótipo de ventilador pulmonar

A Universidade Estadual de Ponta Grossa produziu, em parceria com o Clube da Robótica, um ventilador pulmonar. O objetivo é desenvolver um modelo de baixo custo, com materiais acessíveis, para atender à demanda dos equipamentos durante a pandemia de Covid-19.

O projeto é coordenado pelo professor do departamento de Engenharia Civil Eduardo Pereira e foi uma iniciativa do professor Elias Pereira, que buscou a parceria com o Clube de Robótica para viabilizar o desenvolvimento do ventilador.

Desde março, as entidades parceiras trabalham no protótipo. Para Elias Pereira, professor do curso de Engenharia Civil, o primeiro desafio foi construir o ventilador de forma econômica e viável, com peças e equipamentos disponíveis na região e na universidade. “Hoje, o custo aproximado do ventilador desenvolvido pelo grupo é de R$1000 reais, valor bem menor do que o de mercado”.

Por conta da UEPG, ficaram a estrutura física, materiais e recursos para a confecção do projeto, incluindo os protótipos e ensaios de funcionamento, além dos testes de bancada e documentação do processo.

O reitor Miguel Sanches Neto enaltece a iniciativa de buscar soluções para demandas da sociedade durante a pandemia. “Esta parceria entre a UEPG e o Clube de Robótica para o desenvolvimento de um ventilador pulmonar alternativo muito nos orgulha”, ressalta Sanches. “É uma das parcerias e ações da nossa instituição no enfrentamento à pandemia e, em especial, por poder, quando pronto, salvar vidas de pacientes com Covid-19”.

O Clube da Robótica colabora com o desenvolvimento do código de funcionamento dos protótipos, os modelos 3D, projetos mecânicos e a montagem do sistema eletrônico. O objetivo é garantir que o dispositivo funcione dentro dos padrões de segurança da Anvisa. Para o CEO do Clube da Robótica, Evandro Kafka Diadio, “ter o reconhecimento de uma instituição como a UEPG e ter sido indicado por outros profissionais é ótimo”.

Como surgiu o projeto

O diretor de obras da Prefeitura do Campus (Precam) e professor de Engenharia Civil Elias Pereira conta que a ideia surgiu a partir de propostas similares de outras instituições. “No início do ano, eu descobri sobre os projetos de ventiladores pulmonares da Nasa, do MIT e da USP e tive a ideia de desenvolver um para uso no Hospital Universitário da UEPG”, afirma. Segundo Elias, a participação do Centro de Simulação do HU-UEPG foi fundamental neste momento, com o apoio técnico, cessão de um boneco de simulação realística e treinamento da equipe sobre o suporte ventilatório mecânico em pacientes de Covid-19.

Após montar o primeiro protótipo em casa, Elias buscou a Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UEPG, que indicou o Clube de Robótica como parceiro ideal para a programação do software.

Evandro, que é acadêmico de Engenharia da Computação na UEPG, explica que, no início da pandemia, o Clube da Robótica trabalhava em projetos de equipamentos de proteção individual, como face-shields e protetores de orelhas. “Nós sempre colocamos nossas impressoras 3D e a nossa expertise à disposição, por isso aceitamos o convite para desenvolver o ventilador pulmonar”.

O empresário escolheu os alunos mais experientes do Clube para integrarem o projeto. “Eles já participaram de torneios internacionais de Robótica, competindo com Universidades, como a Winter Challenge”, conta.

Dessa, forma, os meninos Matheus Gorte, Bernardo Rosas e Ricardo Fidélis, de 13, 14 e 15 anos respectivamente, passaram a integrar a equipe. Ricardo, que é membro do Clube da Robótica há 5 anos, auxilia no desenvolvimento do código do software. “Nós fazíamos robôs de competições e corrida, mas esse ano tivemos a oportunidade de desenvolver a nossa programação. Nesse momento de pandemia, qualquer coisa que possamos fazer para ajudar, já faz uma diferença”, enfatiza.

Perspectivas

Os testes de usabilidade serão realizados nas próximas semanas, no Hospital Universitário. “O protótipo está pronto, mas agora precisamos realizar testes de bancada, submeter para aprovação pela Anvisa e, posteriormente, buscar recursos para produzir os ventiladores. O maior desafio é fazer em escala”, explica Elias.

Para o idealizador do projeto, atividades como essa demonstram o papel da universidade na comunidade. “A UEPG tem um papel importantíssimo no desenvolvimento de materiais e tecnologias. A sociedade tem uma demanda real e nós da universidade estamos tentando ajudar a suprir essa demanda”, finaliza.

(Com assessorias - Foto: William Clarindo)