O plenário da Câmara de Ponta Grossa rejeitou, nesta segunda-feira (11), uma moção de repúdio ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), proposta pelo vereador Geraldo Stocco (Rede). Foram 13 votos contrários, três favoráveis e três abstenções.
A justificativa de Stocco para apresentar a moção de repúdio foi a declaração feita pelo deputado, durante uma entrevista na semana passada, em que defendeu a volta do AI-5, sistema mais duro de totalitarismo implantado durante a Ditadura Militar. Consta na moção o repúdio à fala: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5”.
Segundo Stocco, trata-se de apologia à Ditadura Militar, sistema de Governo em que o próprio Parlamento é fechado. O vereador considera que a fala de Bolsonaro é uma afronta à Constituição Federal, a qual o deputado jurou defender e respeitar ao tomar posse do mandato. "Não se trata de uma questão ideológica, de direita ou esquerda. Vivemos numa Democracia, sofremos para chegar nela e precisamos defender a Constituição. A separação dos Poderes é uma cláusula pétrea e não pode ser desrespeitada", declarou Stocco.
Críticas
A iniciativa recebeu críticas por parte de alguns parlamentares, como João Florenal da Silva (Pode). Ele disse ser favorável à fala do deputado Bolsonaro. "O deputado disse que se as reformas não forem feitas, se não tiver vontade política, pode voltar o AI-5. É um direito do cidadão protestar e foi isso que o deputado fez, pois as mudanças estão sendo difíceis e talvez seja a única solução [a intervenção militar]", justificou Florenal.
Paulo Balansin (Pode), Vinícius Camargo (PMB), Ricardo Zampieri (PSL), Felipe Passos (PSDB), Pastor Ezequiel (PRB) e Valtão (PP) também se manifestaram contra a moção de repúdio. "O Exército não fez mal pra ninguém. Naquela época dava pra andar na rua, coisa que hoje não pode", disse Balansin. Felipe Passos afirmou que a declaração do deputado sobre a volta do AI-5 condiciona o retorno do totalitarismo "somente se a esquerda radicalizar em seus atos".
"Quem tem medo de polícia e de exército é bandido. Quem é honesto não terá problema", emendou Pastor Ezequiel. "Será as últimas das últimas saídas [a intervenção militar]. Sou favorável à Democracia, mas a intervenção só acontecerá se for extremamente necessário", expôs Valtão. "O deputado já pediu desculpas pela declaração e por isso não vejo motivo para repúdio", disse Zampieri.
Defesa da Democracia
Coube ao correligionário de Stocco, o vereador Pietro Arnaud (Rede), ponderar acerca da proposta e defender a aprovação. Ele ressaltou que não se trata de uma questão de direita ou esquerda, mas de uma defesa da Democracia. Lembrou também que houve alto índice de corrupção na Ditadura Militar, ao contrário do que muitos políticos pregam.
"Os próprios militares sérios estão constrangidos. Não acredito que os militares defendem isso. Não sei nem se têm estrutura para isso [intervenção militar]", disse Pietro, enfatizando que os filhos do presidente mais atrapalham do que beneficiam a República. "Os filhos do presidente mais atrapalham a República do que a beneficiam. Pessoas de esquerda ou de direita concordam com isso. Estão tumultuando um governo que todos torcem pra dar certo. Esses meninos estão sujeitando o pai a intervir e apagar incêndio. Precisam ter ações mais maduras", finalizou Pietro.
Confira como votaram os vereadores:
Favoráveis:
Geraldo Stocco (Rede)
Pietro Arnaud (Rede)
Rogério Mioduski (Cidadania)
Abstenções:
Divo (PSC)
Eduardo Kalinoski (PSDB)
George de Oliveira (PMN)
Contrários
Celso Cieslak (PRTB)
Dr. Magno (PDT)
Felipe Passos (PSDB)
Florenal da Silva (Pode)
Jorge da Farmácia (PDT)
Pastor Ezequiel (PRB)
Paulo Banasin (Pode)
Professora Rose (PSB)
Ricardo Zampieri (PSL)
Sebastião Mainardes (DEM)
Sargento Guiarone (Pros)
Vinícius Camargo (PMB)
Valtão (PP)
Ausentes:
Dr. Zeca (Cidadania)
Mingo Menezes (DEM)
Rudolf Polaco (Cidadania)
*Nesse caso de moção o presidente Daniel Milla (PV) não vota.
Foto: Kauter Prado\Câmara