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Terça, 23 de abril de 2024
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Paraná garante formação exclusiva para professores indígenas

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Paraná garante formação exclusiva para professores indígenas

Existem mais de cinco mil estudantes indígenas matriculados em 39 escolas localizadas em 26 municípios em diferentes terras indígenas espalhadas pelo Paraná. Para garantir o resgate e a preservação da cultura e história desses povos por meio do ensino regular, a Secretaria de Estado da Educação oferta o curso de Formação de Docente exclusivo para povos indígenas.

Ao concluir o curso, esses professores voltam para suas comunidades com conhecimentos específicos para lecionar na educação infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental em sua própria língua, seja ela Guarani ou Kaingang.

“Ao mesmo tempo em que resgata a cultura do idioma daquela comunidade, essa formação voltada para a educação indígena facilita o processo de ensino e aprendizagem porque os alunos se sentem mais à vontade para aprender e tirar dúvidas por ter um professor da sua comunidade ensinando em sua língua materna”, explicou a chefe do Departamento da Diversidade e Direitos Humanos da Secretaria da Educação do Paraná, Angela Mercer de Mello.

Formação

O curso de Formação de Docentes exclusivo para povos indígenas é ofertado no Centro Estadual de Educação Profissional (CEEP) Manoel Ribas, no município de mesmo nome (na região Central do Estado). A qualificação tem duração de dois anos e meio e o currículo incluí disciplinas voltadas para a cultura e história dos povos Guarani e Kaingang.

Como parte da formação, os cursistas estudam também a língua kaingang e guarani, antropologia cultural, história e organização dos dois povos, alfabetização bilíngue indígena, saúde na comunidade indígena, fundamentos da educação indígena e organização do trabalho pedagógico na escola indígena.

“Tudo o que praticamos e aprendemos no decorrer do curso representa possibilita um conhecimento importante de como alfabetizar, planejar e aplicar uma boa aula e isso irá refletir no ensino dos meus alunos. Também tive a oportunidade de compartilhar esses conhecimentos com outros professores e pedagogos da minha escola”, disse o aluno kaingang, Zaqueu Lima da Silva, da comunidade indígena Mococa, em Ortigueira (nos Campos Gerais).

Já a aluna guarani Cleonice Krexu Veríssimo, da comunidade indígena de Pinhal, em Espigão Alto do Iguaçu (no Centro-Sul), avalia que os conhecimentos e práticas aprendidos no curso e aplicados em sala de aula ajudam os alunos a perceberem a importância de aproveitar ao máximo o período de estudos, para buscar um futuro profissional qualificado.

Além de cuidar do quadro de professores, o Governo do Paraná também trabalha para garantir aos estudantes escolas adequadas à necessidade e cultura de cada etnia. As escolas indígenas contam com professores e funcionários indígenas e material didático produzido pela Secretaria da Educação nas línguas guarani, caingangue e português para ajudar na alfabetização dos alunos e reforçar o uso das línguas maternas e manter viva a cultura linguistas dentro dessas comunidades.

Como funciona

A formação dos futuros professores acontece no regime de alternância. Funciona assim: quando os 35 alunos guaranis estão em sala de aula, os kaingangs estão em suas comunidades aplicando os conteúdos que aprenderam no período que passaram em sala e vice e versa. O período de alternância é de um mês.

“Poder contar com a formação exclusiva indígena é muito importante, pois além de desenvolver habilidades e conhecimentos, essa formação permite a valorização da cultura, costumes e saberes desses povos”, destacou a diretora do CEEP, Elizabeth Gheller dos Santos.

O tempo em que eles passam no colégio é integral, ou seja, eles estudam e dormem no mesmo espaço. O CEEP Manoel Ribas oferece aos cursistas uma estrutura completa com salas de aula, refeitório, dormitórios, lavandeiras, teatro, quadras poliesportivas e espaços para recreação e atividades culturais.

Semana do Índio

Para marcar o Dia do Índio, celebrado nessa sexta-feira (19), os povos indígenas estão com as escolas abertas durante todo mês para estudantes e visitantes de outras comunidades e culturas para compartilhar parte da sua cultura e história. Na agenda de comemorações foram realizadas confecção de artesanato, de roupas e brinquedos, jogos, contação de história, cartazes e exposição de artesanato, danças, pintura corporal e brincadeiras típicas dos povos indígenas do Paraná.

“Essas interatividades despertam a vontade de conhecer mais sobre essas culturas tão ricas que compõem o cenário paranaense”, disse a técnica do Departamento da Diversidade e Direitos Humanos da Secretaria da Educação do Paraná, Melissa Colbert Bello. (Com assessoria)