Fechar
Sexta, 19 de abril de 2024
Sexta, 19 de abril de 2024
Política Ponta Grossa 18/04/2018

Pietro propõe Moção de Repúdio contra assédio sexual a duas jornalistas de PG

Ouça a notícia Tempo de leitura aprox. --
Pietro propõe Moção de Repúdio contra assédio sexual a duas jornalistas de PG

O vereador Pietro Arnaud (Rede) protocolou, na tarde desta quarta-feira (18), a Moção de Repúdio 143/2018, endereçada aos autores de atos de assédio sexual ocorridos em dois episódios recentes contra duas jornalistas de Ponta Grossa. O primeiro ocorreu no último dia 1º contra Bianca Machado, assessora de imprensa do Operário Ferroviário Esporte Clube, durante o jogo entre Operário e Iraty, no estádio Coronel Emílio Gomes, em Irati, válido pelo Campeonato Paranaense da Divisão de Acesso de 2018.

O segundo foi no último dia 13 contra a repórter Vanessa Rumor, da RPC Ponta Grossa, durante transmissão ao vivo do evento "Sexta às Seis", promovido pela Fundação Municipal de Cultura (FMC), no Parque Ambiental, em Ponta Grossa. A vereadora Professora Rose (PSB) e o vereador Geraldo Stocco (Rede) também assinaram a proposição.

O tema foi tratado por Pietro durante seu discurso na comunicação parlamentar da sessão ordinária desta quarta. O vereador citou trechos de dois relatos do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Paraná (Sindijor/PR). "É preciso lembrar que esses foram fatos criminosos e que precisam ser apurados o mais rápido possível. Não podemos mais aceitar esse tipo de acontecimento", disse Pietro.

Providências

Conforme relato do Sindicato, publicado no site http://sindijorpr.org.br, no dia 1º, durante o jogo entre Operário e Iraty, válido pelo Campeonato Paranaense da Divisão de Acesso de 2018, a jornalista Bianca Machado, assessora de imprensa do Operário Ferroviário Esporte Clube, foi agredida e assediada verbalmente.

"A jornalista estava coordenando uma coletiva de imprensa dentro do estádio Coronel Emílio Gomes [em Irati] – após o jogo contra o Iraty Sport Club [...] – quando se tornou alvo dos ataques. Ela relata que, mesmo durante a partida, já vinha sendo insultada, situação que se agravou quando o grupo de torcedores [homens e mulheres] passou a proferir agressões verbais, inclusive com conotação sexual, por pelo menos 20 minutos contra ela", informa o relato.

"Foi traumatizante. É comum, infelizmente, sofrermos assédio dentro do campo. Mas essa situação ultrapassou todos os limites aceitáveis. Quero que os responsáveis sejam identificados e punidos para que outras profissionais não tenham que passar pelo que eu passei. Não vou esquecer tão cedo", disse Bianca ao Sindijor/PR.

Providências

De acordo com o Sindicato, por conta desse fato, já vem adotando providências para que o caso não fique impune. “É inaceitável que, em pleno esforço de valorização da atuação feminina dentro do jornalismo esportivo, tenhamos que nos deparar com uma situação como esta. As mulheres, que já enfrentam tantas dificuldades de inserção no cenário esportivo, merecem respeito seja por parte de outros profissionais de imprensa, dirigentes esportivos, dos próprios atletas e mesmo dos torcedores. Não podemos e não ficaremos calados perante isso porque a omissão e o silêncio só fortalecem o machismo”, observa a diretora de Interior do Sindijor/PR, Aline Rios.

Segue o relato do Sindijor/PR destacando que "é importante frisar que a legislação brasileira reconhece como assédio qualquer prática que coloque a mulher em situação vulnerável, moralmente e sexualmente. 'Não podemos compactuar com isso. Sabemos que os casos de assédio não são exclusividade do jornalismo esportivo e que se repetem sistematicamente com profissionais que atuam também em outras editorias, inclusive dentro das redações. A cada ano temos buscado junto à classe patronal que implemente mecanismos de combate efetivo ao assédio contra os jornalistas. Infelizmente, isso ainda não é uma realidade', expõe Aline, ressaltando que muitos profissionais deixam de denunciar os casos temendo represálias dentro das empresas em que atuam".

Segundo o Sindijor/PR, além de toda a violência praticada contra a profissional, "que deixará inclusive marcas psicológicas", Bianca também esteve com a "integridade física ameaçada". “Os agressores estavam a poucos metros da jornalista, separados somente por um alambrado simples, e não se intimidaram mesmo com a presença de policiais no local. Ninguém fez nada para impedir as agressões, nem para retirar os torcedores que permaneceram no estádio para proferir os ataques e que poderiam ter cometido também algum tipo de violência física contra a assessora”, relata Aline.

O Sindijor/PR também informa que vai reivindicar, junto à Federação Paranaense de Futebol (FPF), medidas que busquem garantir que os jornalistas tenham condições de trabalhar em segurança. O Sindicato, a propósito, está engajado na campanha "#DeixaElaTrabalhar", de alcance nacional, e vem  promovendo ações dentro da campanha "Basta", que combate a violência contra os profissionais paranaenses. "Nos próximos dias, o Sindicato dos Jornalistas do Paraná, por meio da Subseção Campos Gerais, deve se integrar a outros movimentos para promover ações de conscientização contra casos de assédio contra jornalistas", informa o Sindijor/PR.

Assédio e desrespeito

O outro fato ocorreu no dia 13, durante transmissão de televisão, ao vivo. Segundo o perfil do Sindijor/PR no Facebook (https://www.facebook.com/sindijor.parana), o caso de assédio e desrespeito aconteceu enquanto a jornalista Vanessa Rumor, da RPC, realizava um link no festival de música "Sexta às Seis", promovido pela Fundação Municipal de Cultura (FMC), no Parque Ambiental.

Ao Sindijor/PR, Vanessa contou que a situação "foi extremamente constrangedora". "É um caso de duplo desrespeito: à profissional mulher e ao trabalho do jornalista", afirmou.

"Não podemos aceitar caladas e ficar impotentes diante de casos como este, de machismo e assédio. As jornalistas devem ser respeitadas tanto quanto os homens que atuam na profissão. Como alguém se acha no direito de interromper o trabalho de uma jornalista desta forma? Se fosse com um homem, faria o mesmo? Além de prejudicar o trabalho da profissional, isso se configura, sim, um caso grave de assédio", diz Aline Rios.

Campanha

Segundo o Sindijor/PR, a campanha "#DeixaElaTrabalhar" foi criada por jornalistas mulheres depois que a repórter Bruna Dealtry, do Esporte Interativo, foi assediada ao vivo durante uma transmissão de TV, no Rio de Janeiro, em março deste ano. "De lá pra cá, a campanha que repercutiu até fora do Brasil vem ganhando força e mobilizando mulheres que atuam na profissão em todo o País', informa o relato do Sindijor/PR no Facebook. (Com assessoria)