"Eu sou homem, se quiser vir tirar satisfação comigo saímos na porrada meu amigo. Se precisar sair na bala, vamos sair na bala". A declaração foi expressa na sessão desta segunda-feira (31) da Câmara de Ponta Grossa pelo vereador Sargento Guiarone (Pros), depois que não conseguiu emplacar sua inclusão na Comissão Especial de Investigação (CEI) que tratará do contrato com a Ponta Grossa Ambiental (PGA) para coleta de resíduos no Município - veja todo o discurso no vídeo ao final da matéria, publicado pelo Portal aRede.
A CEI foi instalada nesta segunda, após proposição do próprio Guiarone. Porém, os vereadores que são líderes de seus partidos na Casa, a quem cabe definir os integrantes de comissões, deixaram o propositor de fora da comissão, fato que acabou deixando Guiarone bastante irritado. Em sua fala, o vereador do Pros não citou nomes, mas se disse indignado com a situação e chamou qualquer desafeto pra briga.
Insatisfação
O posicionamento do parlamentar acabou gerando insatisfação por parte de outros vereadores, que viram nas declarações um tom de ameaça. Daniel Milla (PV) pediu pra constar em ata todo o pronunciamento de Guiarone, para posterior análise da Corregedoria Geral da Casa. A suspeita é de quebra de decoro parlamentar. Assim, caberá ao corregedor-geral, Pietro Arnaud (Rede), avaliar a situação. Pietro não estava no plenário no momento do pronunciamento - já havia saído para ir a um velório - e a gravação deverá ser levada até o seu conhecimento.
Linguajar
O presidente da Câmara, Sebastião Mainardes Junior (DEM), disse que a declaração de Guiarone não condiz com o ambiente legislativo. "Quem tem medo de polícia é bandido. Não tenho medo de bala. Esse linguajar não pode ser empregado nessa Casa. Como presidente não posso aceitar. O vereador [Guiarone] podia usar esse linguajar na Polícia, mas aqui dentro temos que respeitar a democracia, aqui não tem vagabundo", contestou Mainardes.
Não foi a primeira vez que Guiarone usou de palavras mais fortes em seu discurso para afrontar desafetos. Há algum tempo, da tribuna da Câmara, disse que se precisar prender gente vai prender, pois mesmo estando na reserva da Polícia Militar tem essa autoridade.
A postura do parlamentar tem preocupado alguns 'colegas'. Vereadores defendem que algo precisa ser feito para conter o ímpeto do ex-militar.
Composição CEI
Sobre a composição da CEI do Lixo, ficaram definidos os seguintes membros: Celso Cieslak (PRTB), George de Oliveira (PMN), João Florenal (Podemos), Vinícius Camargo (PMB) e Mingo Menezes (DEM). Celso também é propositor da iniciativa junto com Guiarone. Ao final da sessão desta segunda, George afirmou que abrirá mão de participar de comissões de investigação. Caso oficialize sua saída, caberá novamente às lideranças partidárias definirem o substituto. Nesse caso, Guiarone poderá reivindicar novamente a sua inclusão.
Na semana passada, Guiarone chegou a protocolar na Mesa Executiva o pedido da formação da CEI já com os nomes dos cinco membros. Fato que desagradou parte do plenário, principalmente, a ala formada por vereadores mais antigos na Casa, como George e Milla, que reivindicaram a abertura da discussão entre os demais integrantes do Legislativo, conforme prevê o Regimento Interno da Casa. Guiarone justificou que foi atrás daqueles com interesse em participar da CEI, mas não convenceu parte do plenário. Nesta segunda, ele acabou ficando de fora da CEI.
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